24 de jun. de 2013

My Dear Nerd - What If - Capítulo 18 - O Que É Esse 42?


POV ANNA
Respirei fundo, sentando melhor ao sofá de couro bege da pequena sala em que me encontrava. Olhei para o lado, vendo Ashley comer alguns dos biscoitos que estavam dentro de um recipiente de vidro sobre a mesa, completamente concentrada fazendo alguns barulhinhos estranhos com a boca.
– Ashley você não deveria comer todos esses docinhos. E se estiverem envenenados?
– Olha, eles são de chocolate, estão bem na minha frente e são deliciosos. E enquanto ao veneno, pode ter certeza de que não tem nenhum.
– Como tem tanta certeza?
– Minha cara amiga, meu nome é Ashley e sou a garota mais linda, maravilhosa e super talentosa da cidade. Eu sei o que faço. – respondeu ela simples dando de ombros tornando a comer os biscoitinhos com a maior cara de pau.
Ri tirando o celular do bolso vendo as horas. Pelo visto, o carinha estaria tendo uma séria conversa com a diretora. Mas que droga. Ela vai contar para os meus pais. E isso é ainda mais chato. Essa velha parecia não gostar de mim e agora, eu tenho certeza de que ela quer apertar meu pescoço até me ver morrer. Ou deve planejar minha morte em sua mente sórdida e malvada. Nem ligo. Contanto que ela não envolva meus pais nisso. Não quero ficar sem assistir meus programas de culinária. De jeito nenhum.
 – Mais uma vez peço desculpas pelo incidente. Não irá se repetir. – ouvi a voz da velha do outro lado da porta. Respirei fundo, cutucando Ashley com o dedo indicador.
– Para com o cutuque menina. – reclamou ela de boca cheia.
– A velha está chegando.
– Deixa ela. Não vou mais cair nas ameaças dela. Eu tenho meu próprio algodão doce cor de rosa. – respondeu simples apontando para a bolsa que carregava nos ombros. Ri abrindo o zíper da bolsa, conferindo. É. Ashley tinha seu próprio algodão doce cor de rosa. Ela não brinca em serviço mesmo.
– Está tudo bem senhora. Espero que discipline suas alunas. Tenha um bom dia. – falou uma voz masculina. Acho que era o velhinho alto, o gerente. A porta se abriu e como eu disse anteriormente, a velha entrou na sala com cara de poucos amigos. Dei de ombros já imaginando os xingamentos que ela estava pensando a meu respeito. E pelo jeito, os palavrões não eram bobinhos. A cara dela era assustadora.
– Podem explicar o que houve? – perguntou ela de braços cruzados batendo os pés a espera de uma resposta sincera. Dei de ombros mais uma vez.
– Não vou te explicar sobre o 42. – respondi simples.
– Mas será que dá para pararem de menti... Esperem. 42? Como assim que ‘42’ é esse? – perguntou ela curiosa.
– Eu já disse que não vou falar sobre o 42. Pode morrer de curiosidade, eu não vou dizer.
– Já que não quer contar, pode me dizer o porquê da correria que resultou neste imenso estrago? – perguntou à velha. Ashley a encarou entediada, ainda comendo os biscoitinhos.
– O estrago foi o resultado de uma correria desesperada de uma loira que queria me esganar.
– E porque sua amiga queria esganar você, Anna? – cruzou os braços.
– Por causa do 42. – respondeu Ashley tirando as palavras da minha boca.
– E que maldito ‘42’ é esse? Mas que droga, vocês duas! Nunca falam o que isso significa! Digam-me agora! – falava a diretora irritada. Bufei mais uma vez. Ela acha que sou louca de dizer isso? Além do mais é divertido brincar assim com ela. Vê-la morrendo de curiosidade me vingava todas as detenções que já tive. Todas as aulas extras. Todas as reposições. Todas as aulas particulares. Se bem que ter Juju como professor foi um presente. Então, está certo.
– Nós não vamos dizer. Não enche. – respondeu Ash deixando o recipiente de vidro vazio sobre a mesinha. Sim ela comeu todos os biscoitinhos de um potinho de vidro consideravelmente grande. E não foi só um. Aquilo era realmente assustador. Ela levantou do sofá, arrumou o cabelo e saiu deixando a velhinha de olhos arregalados. É isso que acontece quando ela não consegue comprar os sapatos favoritos. Levantei arrumando a roupa melhor ao corpo, tendo agora a atenção da senhora Parker, mais conhecida como ‘velha’, sobre mim. Engoli a seco. Que olhar assustador.
– Você pode não contar pra mim, mas eu vou falar do ocorrido a seus pais e a eles sim. Eles você vai ter que dizer o que significa esse número. – falou ela com a sobrancelha arqueada.
– E você acha mesmo que eles vão correndo contar pra você? Se liga! Se quiser realmente saber da minha vida, é só subornar a minha vizinha fofoqueira que mora na frente da minha casa. Se quiser o endereço te passo depois. Agora licença que eu tenho que ir antes que a Ashley seqüestre meu namorado e meus Doritos. – respondi simples caminhando para fora do escritório dando de cara com o velhinho careca, alto. É, o gerente.
Sorri amarelo pra ele. O cara era assustador, não me culpem. Continuei andando até o lado de fora da loja vendo Ashley quase esganar Juju. O coitado tinha o olhar levemente assustado, e não sabia que protegia a minha bolsa, ou se corria. Ri atravessando a pista pela faixa de pedestres parando atrás da loira.
– Me dá logo, Justin. Você quer que eu desjujube você, é isso? Hum? Me dá um só, a Anna nem vai notar a diferença. – dizia ela pidona.
– Tem razão, Ashley. Eu nem vou notar, mesmo.
– Viu só? Ela já disse e... Opa. – falou ela virando devagar até ficar de frente para mim. Pude ver ela morder os lábios, com os olhos azuis brilhantes arregalados.
– Ela estava tentando me matar. – comentou Justin em sua defesa. Ri apertando as bochechas da minha loira.
– Não precisa ficar com medo, Ash. Eu dou um pacotinho a você. Sua fofa. – falava apertando as bochechas dela enquanto ria. Quando a soltei suspirou, acariciando as maçãs do rosto. Opa. Acho que apertei forte de mais.
– Até que enfim você admitiu que me acha encantadora! Precisou de todo esse tempo para você perceber isso? Você precisa de um óculo, hum. – comentou Ashley suspirando. Rimos.
– Acho melhor irmos para o hotel antes que a senhora Parker venha e nos passe um belo sermão. – comentei.
– Por falar nisto, como foi lá dentro? O que foi que a diretora disse para vocês? Ela vai contar para os seus pais? – perguntou Juju curioso.
– Bom primeiro o carinha careca nos passou um sermão e nos deixou em uma salinha, pra conversar com a diretora. Depois eu achei alguns potes com biscoitinhos e comi alguns enquanto esperávamos a velha para sermos enfim liberadas. – contou a loira.
– Alguns biscoitinhos? Tem certeza disto?
– Tenho sim. Comi apenas alguns, por quê?
– Você não comeu apenas alguns biscoitinhos. Foram dois potes de vidro repletos de biscoitos. Você esvaziou todos os dois. E sozinha. E como diz que comeu ‘apenas alguns’? Hum? – perguntei incrédula. Ela deu de ombros tirando a minha bolsa dos ombros de Juju.
– Comi sim, todos eles. Todos os biscoitinhos, e se você falar que estou gorda eu mato você. Esgano e esquartejo. Aí você nunca mais vai poder ver os seus programas de culinária. – ameaçou ela.
– Cruel. – falei.
– Isso mesmo. Agora vamos. Se conseguirmos acompanhar a turma da senhora Willson, você pode me ajudar a escolher o vestido ideal para mim.
– Você tem encontro com o Dyllan, hoje? – perguntei.
– Tenho sim. Quero achar algo perfeito. Então vamos. A diretora não pode nos ver. – dizia ela, puxando-nos para longe da lojinha. Mas que boba.
[...]
– O que acha deste? – perguntou ela saindo do banheiro do quarto.
Nós tínhamos voltado para o hotel depois de uma tarde divertida e cansativa. Só para saberem, Ashley nos fez carregar todas as suas compras, e quase nos matou de susto quando nos perdemos na enorme loja da Victoria’s Secret. Sem falar da situação embaraçosa na qual ela colocou Justin. O que ela fez? Quase obrigou o coitado a ficar ao nosso lado, enquanto escolhíamos calcinhas. Isso mesmo. E o que ela usou como desculpa? Para não nos perdermos. Mas o que aconteceu realmente que antes disto, já tínhamos nos perdido umas três vezes. Se falta ‘parafuso’ nela? Imagina. Só um milhão e trezentos.
– Bom, eu não sei.
– Como assim ‘eu não sei’? Diga lindo ou não lindo. É tão simples, flor. Já é o quinto vestido que provo e você ainda fica nesse ‘não sei’. Dá logo uma resposta mulher. – reclamou ela. Olhei para Justin que estava ao meu lado sentado na cama. Ele parecia analisar cada centímetro do corpo dela, avaliativo. Suspirei.
– Juju, o que acha de ir ver o que o Damon está fazendo, hum? – perguntei fazendo-o me encarar de imediato.
– Mas por quê?
– Vai lá, talvez ele esteja fazendo algo interessante. – continuei encarando ele com os olhos semi serrados.
– Obrigada por se importar comigo, amor. Mas eu quero ficar aqui...
– ANDA LOGO! VAI LÁ AJUDAR DAMON! – gritei irritada quase pulando em cima dele. O mesmo saiu do quarto assustado gritando como uma garotinha. Quando ele já não estava no mesmo ambiente que nós, suspirei passando a mão pela testa frustrada.
– Não precisa ficar com ciúmes, pessoa que me ama. Ele só tem olhos pra você. – comentou Ashley. Encarei-a mortalmente no mesmo instante.
– Eu não estou com ciúmes. Não teria ciúmes de você. Você é minha melhor amiga, e isso é ridículo. – neguei de imediato. Ela riu alto.
– Eu até posso ser sua melhor amiga, a pessoa que você mais ama no mundo. Mas admita que meu corpinho sexy seduz. – a comentou risonha. Tive que me conter para não esganar o pescoço dela ali mesmo. E antes que perguntem, não. Eu não estou com ciúmes.
– Olha, você quer perder a cabeça, ou continuar linda e viva? – perguntei.
– Viu só? Tá com ciúmes! Ciúmes! – cantarolava ela fazendo uma dança estranha. Respirei fundo. Ok. Eu não estou com ciúmes. Não estou com ciúmes.
– Não, eu não estou com ciúmes e se você continuar falando isso eu arranco essa sua linda cabecinha do seu belo corpinho, me entendeu? – pergunte ameaçadora. Ela parou de dançar, assentindo positiva com a cabeça.
– Mas me diz, o que você achou desse vestido. – continuou ela.
– Sinceramente?
– Sim, por favor.
– Ele é vulgar.
– Está me chamando de vulgar?
– Não sua boba, não estou chamando você de vulgar e sim o vestido que está usando. Ele é muito curto, a ponto de você se abaixar e seu traseiro aparecer. Além de ter um decote muito largo, quase deixando seus mamilos a mostra. Só falta eles dizerem ‘Oi, sou um peito e estou pulando fora do vestido. Literalmente. Você quer ver?’. Isso não combina com você.
– Mas ficou bonito. – falou ela virando para o espelho.
– É ficou sim, você é linda tem um corpo incrível e seios durinhos. É claro que ele fica perfeito em você. O problema é que se você sair na rua com ele, as pessoas vão perguntar onde é o seu ‘ponto’.
– Então o que você escolheria? Não tenho mais idéias. Estou com preguiça de pensar. Não consigo acreditar que em uma cidade tão grande, não haja vestidos belíssimos. Isso é uma tremenda injustiça. – falava ela cruzando os braços abaixo dos seios. Nem preciso dizer que eles ficaram ainda mais para fora, não é? Pois bem. Fui até umas das sacolas que repousavam sobre a cama e tirei de lá um vestido rosa. Encarei-o por uns segundos e tranquei a porta do quarto.
– Põe esse vestido. – falei a ela entregando a peça em suas mãos. A loira tirou o vestido que vestia antes ali mesmo deixando os peitos a mostra. Entreguei um sutiã sem alças também de cor rosa do jeito que ela gosta. Ajudei-a vesti-lo e logo depois pude vê-la vestir a peça sozinha.
– O vestido é bonito, mas acho que ainda está faltando alguma coisa. – comentou Ashley observando seu reflexo no espelho. Corri até uma das sacolas, tirando o item necessário.
– Vira de frente pra mim. – falei para ela e assim se fez.
Pus o cinto, puxando um pouco a parte de cima, deixando um pouco mais livre. Tinha ficado perfeito. Dei os saltos altos para ela que os calçou sem demoras. Ajudei-a com uma maquiagem básica, um gloss clarinho, alguns acessórios e perfume. Organizei suas madeixas loiras que caiam em cascata em seu colo, e por fim pus um brinco pequenino e bem simples.
– Nossa! Estou linda. – falou ela encarando o espelho sorridente. Sorri também, admirando o belo trabalho que fiz. Ela estava linda, parecia uma princesa de contos de fadas.
– O que achou? Bem melhor do que o outro look, não é mesmo? – perguntei orgulhosa.
– Ficou incrível. Obrigada. – agradeceu ela me abraçando forte. Ainda sorridente, retribui o abraço da minha pequena quando batidas na porta nos interromperam e uma voz masculina chamou por Ashley. Partimos o abraço, caminhando juntas até a porta.
– Acho melhor cuidar bem dela. Caso contrário você nunca terá filhos. – comentei firme assim que a porta foi aberta.
– Anna! – bronqueou a loira.
– O que foi? Você é minha melhor amiga, minha pequena doida, minha irmã. Se esse cara tentar alguma coisa ele vai descobrir o sentido de inferno. – respondi fazendo a mesma bufar risonha.
– Pode deixar, eu vou cuidar bem dela. Não se preocupe. Ashley está em boas mãos. – falou o namorado que eu não ia com a cara. Esse pivete tem cara de quem apronta.
– É bom mesmo. Caso contrário, pode procurar um orfanato. E Ashley, coloquei spray de pimenta na sua bolsa. Ligue e avise se for demorar. E outra. Olhar leva a beijar. Beijar leva a tocar. E tocar leva a sobrinhos. Lembre disso.
– Sim mamãe. – brincou ela.
– Estou falando sério.
– Tudo bem. Até mais tarde. – falou ela ainda rindo me abraçando por mais uma vez, antes de vê-la de mãos dadas com ele caminhando na direção do elevador.
– E se lembrem! Os sobrinhos! – gritei da porta, quando os dois loiros já haviam entrado no elevador.
– Quem vai ter sobrinhos. – perguntou alguém ao meu lado. Virei o rosto rápido. Damon.
– Eu se eles não se cuidarem. – respondi suspirante.
– Não acha que ela já é grandinha o suficiente para saber cuidar de si? – perguntou ele parando a minha frente.
– Não é a questão do porte físico, Damon. E sim porque ela tem o coração muito mole. Ela é muito bobinha quando o assunto é namorado. Tenho medo que ele magoe o coração da nossa pequena.
– Sabe por que ele não vai fazer isso? Porque sabe que ela tem duas pessoas que sempre a defenderá. Ele não é louco a esse ponto. – afirmou Damon me abraçando de lado.
– Assim espero. – suspirei.
– Mas me diga, como foi seu dia. Quase não o vi. Estava com alguma namorada?
– Não diria namorada. Diria ‘peguete’. – respondeu ele. Ri dando um murro em seu ombro.
– Devo conhecê-la?
– Não. Não vale a pena gastar seu tempo com ela.
– Porque diz isso?
– Ela é do tipo de garota que só liga para beijos, toques coisas a ‘mais’ que toques e coisas fúteis. É do tipo que um homem se diverte, joga fora e ela ainda acha lindo. Como disse anteriormente, não vale à pena perder seu tempo com ela. Mas, me fale onde está o fedelho que você chama de namorado? – perguntou ao mesmo tempo em que respondia minha pergunta com tanta simplicidade e ironia que me obrigaram a rir.
– Bom depois de tê-lo posto para correr, eu não sei onde ele se meteu. Acho que deve estar lendo algum livro ou coisa parecida. – respondi dando de ombros. Não. Não estou com ciúmes.
– Acho que sei onde ele está. Vou indo, tenha juízo. – falou ele deixando um beijo terno em minha testa logo sumindo do meu campo de visão. Ainda sem entender, virei o rosto para o lado oposto dando de cara com um garoto de óculo me olhando pidão com um ramalhete em mãos, deixando a outra para trás.
– O que você está fazendo com isso nas mãos? – perguntei confusa. Ele sorriu estendendo as flores na minha direção.
– São pra você. Foram as mais bonitas que encontrei, espero que tenha gostado.
– Mas por que...
– Porque você gritou comigo, então pensei que fiz algo errado. Olha, eu não estava olhando para a Ashley com segunda intenções se foi o que pensou. Eu nunca faria isso, eu te amo muito mesmo, eu só... – ele falava em sua defesa, mas o interrompi puxando seu rosto de bebê com as duas mãos selando nossos lábios. Sorri entre o beijo enquanto ele permanecia atrapalhado tentando segurar o que carregava em mãos. Como fui gritar com uma coisa fofa dessas?
POV ANNA
Desci as escadas suspirando fundo, abraçada ao cachorrinho de pelúcia que ganhei de presente de Juju. Era uma pelúcia consideravelmente grande e maravilhosa de se abraçar. Lembram do dia em que fiquei com ciúmes do Justin aí ele apareceu todo fofo com flores nas mãos? O que ele escondia nas costas era a sacola que carregava a embalagem do cachorrinho de pelúcia. Depois disto, o arrastei para o quarto e fizemos o 42. Mas infelizmente chegou à hora de voltar para casa, e cá estava eu caminhando na direção da minha morte. Meus pais me aguardavam na sala, estes já estavam a par do ocorrido na loja. Porém para continuar viva, teria de fazer a carinha mais inocente e estar sempre um passo a frente deles. Sabe como nos filmes de terror. Respirei fundo, parando ao pé da escada, abraçando Caramelo ainda mais. Não estranhem o nome.
– Anna Mel venha depressa! Não adianta se esconder. – ouvi a voz de a minha mãe vir da sala.
– Vou adorar ver a ‘princesinha’ se ferrar. Vai ficar de castigo. – brincou Mike mastigando um biscoito sentado em cima do balcão da cozinha.
– Tira o traseiro gordo daí, garoto. – reclamei.
– Meu traseiro pode até ser gordo, mas não é ele quem vai levar umas tapinhas daqui a umas horas. - o comemorou.
– Cruel. Eu ainda te pego.
– Antes disso você vai estar morta. – cantarolou ele. Bufei caminhando lentamente na direção da cozinha, quando pouco a pouco o cantarolar do meu irmão foi diminuindo até não ser mais ouvido.
– Sente-se no sofá, querida. – falou mamãe docemente. Sinto o cheiro do perigo. Nunca confie quando sua mãe está fofa demais com você.
– Mas que pelúcia linda, meu bem. Quem a deu para você? – perguntou ela enquanto eu sentada.
– O Justin.
– Minha querida, seu namorado é um amor! Mas que garoto doce. – a comentou.
– É, essa doçura dele que me cheira a perigo. - comentou papai enciumado. O perigo está reinando por aqui, ou é apenas o cheiro do meu irmão?
– O garoto é um doce, não permito que fale assim dele.
– Brigada mãe.
– Certo, vamos direto ao ponto. Explique-nos o que houve no dia do incidente da loja. – cortou papai encarando meus olhos. Respirei disfarçadamente, fazendo a carinha mais santa do mundo.
– Bom, não foi nada demais. Apenas corremos pela loja, acertamos algumas caixas de sapato e depois... Ah, o resto vocês já sabem.
– Mas a diretora também falou de um número. Era 42, querida? O que isso quer dizer? – perguntou ele para mamãe.
– Sim meu bem. Anna querida nos diga o esse número significa. – falou ela docemente.
Como mentiria no nível expert? Eu precisava pensar rápido, o problema era ter uma resposta. Mordi os lábios encarando os olhos dela que também me encaravam a espera de uma resposta. Porém para minha sorte, o celular do meu pai tocou no exato momento em que eu abri a boca para contar uma mentira bastante cabeluda. Suspirei aliviada, vendo meu pai levantar e caminhar até a outra ponta da sala para falar ao telefone. Logo depois de um tempo ele voltou com as mãos no bolso com um olhar doce para a esposa.
– Querida tem um homem querendo falar com você, segundo ele é um assunto de importância . Quem é esse cara? – Perguntou papai com cara de poucos amigos. Não era impressão, não. Ele tava mesmo com ciúmes da mamãe. Que fofo.
– Deixe-me falar e depois respondo sua pergunta. – respondeu ela simplesmente tomando o celular do bolso dele. Pude vê-lo olhá-la firme, com a cara emburrada, como uma criança mimada. Será que eu também fico assim quando estou com ciúmes? Oh! Não! O que é isso, eu não sinto ciúmes. Bom... Quer dizer, apenas um pouco, talvez, ou até um pouco mais. Ok, não me olhem assim. Eu sou ciumenta. Puf!
– Meu bem, o homem que estava falando ao telefone comigo era o meu superior. Fui informada de que precisarei fazer uma viagem de negócios. Mas eu não quero ir sozinha, será que você se importaria de...
– Claro meu amor, eu vou com você sem problema nenhum. Não vou deixar você perto desse cara.
– Não vai começar com os ciúmes, não é Alex? – perguntou ela risonha.
– Não é ciúmes. Estou apenas protegendo a mulher que amo de caras que gostam de...
– Alex! Não fale isso na frente das crianças! – reclamou ela. Fala sério. Como se ela não soubesse que eu já tinha feito ‘isso’. Mas para minha sorte ou azar, eu não sei bem, meu pai não sabe que ela sabe que eu já forniquei, porque se ele sabe que minha mãe sabe que eu já ‘fiz’, o traseiro do Juju e do Damon vai deixar de existir. E a minha cara também.
– Eu não sou mais criança, mãe.
– Anna!
– Desculpe.
– Perdoada.
– Mas tem certeza de que vão mesmo embora? Quanto tempo irá ficar por lá?
– Dois dias, mas seu pai terá que voltar antes já que tem trabalho por aqui. Mas não se preocupe, seu irmão ficará aqui ele irá proteger você. – respondeu ela.
– Me proteger? Ele não sabe fechar o zíper da calça sem prender as ‘coisas’, como acha que ele vai me defender de algo?
– Eu ouvi isso! – gritou ele da cozinha.
– É pra ouvir mesmo. – rebati.
– Vocês irão ficar bem, nós garantimos. – falou ela deixando um beijo doce em minha testa.
[...]
Andei lentamente até a porta abrindo-a em seguida dando de cara com meu namorado com a mochila no ombro, um sorriso lindo no rosto e uma única rosa vermelha nas mãos.
– Oi meu anjo, é pra você. – disse ele estendendo a florzinha pra mim. Ainda sonolenta, esfreguei os olhos pegando a florzinha dando passagem para que ele entrasse e fechasse a porta logo em seguida.
– Brigada.
– Você está bem? – perguntou deixando a mochila no chão sentando ao meu lado no sofá.
– Estou sim, é apenas sono.
– Desculpe ter acordado você...
– Não, tudo bem. Eu até ia te ligar, não queria ficar sozinha nessa casa enorme por dois dias. – respondi baixinho apoiando a cabeça sobre seu ombro abraçando-o de lado. Não se demorou muito, e logo pude senti-lo me abraçar de volta, deixando beijinhos sobre meus cabelos. Sorri com o carinho.
– Mas como assim? Onde está seus pais, seu irmão?
– Minha mãe está em uma viagem de negócios e meu pai foi acompanhá-la. Ficarão fora por dois dias, e se aproveitando disto, Mike resolveu sair com os amigos. Só volta amanhã à noite. – respondi dando de ombros o abraçando ainda mais forte. Ele tinha aquele perfume gostoso e abraço acolhedor que me deixou ainda mais com sono.
– Seu irmão não deveria deixar você sozinha em casa, a essa hora da noite. É perigoso.
– É, eu sei ele é um irmão muito mau. – comentei sonolenta. Vi Juju tirar do bolso da mochila o celular velhinho que usava, e que apenas funcionava para ligações. Pude vê-lo também digitar alguns números e logo por o celular no ouvido. Espera. O que ele está fazendo?
– Mãe, sou eu Justin... Sim estou com ela... Sim, ela está ótima... Bom, é que os pais da Anna viajaram e o irmão saiu e só volta no dia seguinte. Será que posso passar essa noite com ela?... Não quero deixá-la sozinha, é perigoso há essa hora... Obrigada por... Sim mãe, terei juízo e mandarei seu recado. Beijos, eu te amo. – disse ele por fim encerrando a ligação deixando o celular por cima da mesinha de centro.
– Então...
– Minha mãe mandou um beijo e um abraço apertado pra você e deixou que eu ficasse aqui. Bom... A menos que você não queira. Mas eu vou entender perfeitamente caso a resposta seja não. – disse ele atrapalhado ajeitando os óculos com o dedo indicador. Ri o apertando ainda mais ao meu corpo em um abraço confortante.
– Claro que eu quero que você fique. É que normalmente quando estou com sono, meu temperamento muda de repente. Como se fosse uma pessoa bipolar. Então, pode acontecer de gritar com você e segundos depois pular no seu colo e roubar um beijo quente. Não quero assustar você. – comentei sincera fazendo carinhos com o dedo indicador em sua bochecha macia. Fechando e abrindo os olhos bem devagar. Meus olhos ardiam... Nossa como ele está frio.
– Tudo bem, eu não me importo com isso. O importante é protegê-la... E claro, ajudá-la com os deveres escolares. – disse ele rindo. Bufei sentando melhor no sofá, cruzando os braços revoltada.
– Deveres escolares? Só você pra falar isso, justo nessa hora em que estamos completamente sozinhos nessa casa enorme. Você só pensa nisso, garoto? Tem o que na cabeça? Um cérebro super inteligente? – perguntei irritada. Ele riu. Posso bater no traseiro dele agora?
– Me desculpa...
– Tudo bem, é que estou apenas com sono. – falei fazendo uma carinha fofa. Tadinho dele.
– Tem certeza de que não está na TPM? – tornou a perguntar risonho. Fiquei de joelhos no sofá dando uma tapa em seu braço.
– Hey! Está, por algum acaso, me chamando de louca? Isso é abuso infantil. – argumentei emburrada. Ainda sorrindo ele me puxou para seu colo, enquanto eu mantinha a cara ‘fechada’ a todo custo, apesar de ser difícil ficar brava com alguém fazendo cócegas em você.
– Você é louca. Mas é a minha louca. – dizia ele deixando beijinhos em meu rosto. Sorri largo, beijando seu nariz. Que frio ele estava.
– Vou receber isso como elogio, mas, porque está tão frio? Anda, responde. – perguntei curiosa. Ele teria de responder. Quer queira, quer não.
– Bom, é que...
– Eu mandei você me responder? Hum? Vai pra perto da lareira, menino! – cortei mandona. Eu não mandei ele me responder, ué.
Levantei do seu colo, carregando-o pelo braço até perto da lareira. Assim que ele sentou, me olhou com carinha de pidão. É impressão minha, ou ele vai me chamar de louca? Bom, se bem que ele já tinha me chamado assim, mas como acrescentou dizendo que sou a louca ‘dele’, levaria como um elogio fofo, mas... Hum... Quer saber, minha cabeça está doendo de tanto pensar. Vou parar de pensar por hoje. É. É isso.
– Você não vai me jogar lá dentro, não é? – perguntou ele apontando para a lareira.
– Claro que não. Tem uma rede de proteção, ali. - respondi simples, sentando ao seu lado.
– Se sente mais quentinho? Porque estava tão frio quando chegou?
– Mas você disse que não queria que eu...
– Responde.
– Bom, é que o vento estava muito frio e...
– Você vai ficar falando isso, ou vai me beijar? Quem pediu para você falar de vento? Não vai me beijar não? – perguntei. Ué, será que ele não me ama mais?
POV JUSTIN
Nossa, ela estava realmente com sono. Era uma fase comum, bom apenas para ela, que essa mudança de humor repentina acontecesse. Era até fofo, eu gosto quando ela fica assim e apesar de ser ousado, ela fica bastante sexy quando está bravinha. Ri segurando seu rosto com a mão beijando seus lábios com carinho. Não demorou muito para que nossas línguas se acariciassem cheias de saudades e meu coração batesse ainda mais rápido. Parti o beijo a contra gosto em busca de ar, vendo um sorriso ‘derretido’ em seu rosto. Sorri.
– Então o que achou? – perguntei curioso, porém levemente risonho.
– Muito bom. É bem melhor do que estudar. – a comentou deixando outro selinho em meus lábios.
Tornei a beijá-la sem resposta. Anna estava certa, namorá-la era com toda a certeza milhões de vezes melhor do que estudar, apesar de estudos serem necessário para o futuro. Puxei-a docemente para meu colo, sem interromper os beijos e carinhos e assim ficamos por vários e maravilhosos minutos. Seu beijo era incrível e viciante.
– Bom... Estamos sozinhos nessa casa, completamente isolados...
– E...
– O que acha de fazer-mos ‘aquilo’? – perguntou ela com um sorriso sapeca no rosto. Sorri em troca.
– Está pensando o que estou pensando? – perguntei.
– BOLO! – falamos em coro correndo juntos para a cozinha. O que há? Somos um casal estranho, mas nos amamos. Mas... Alguém quer bolo?
[...]
– Você é uma excelente cozinheira. Estava delicioso. – comentei satisfeito. Orgulhoso. Nunca havia comido tão bem em toda vida. Realmente foi o bolo de chocolate mais saboroso que já provei.
– Obrigada. Sei que tenho belos dotes culinários. – respondeu ela jogando o cabelo para trás.
– E que belos dotes. – comentei baixinho mordendo os lábios. Porém o que não estava nos meus planos era ela ouvir e me olhar sapeca. Não demorou e logo ela estava sentada ao meu colo risonha. Apoiei as costas no balcão, esticando as pernas sobre o chão onde estava sentado.
– Acho que despertei sua versão safadinha. – comentou risonha em meu ouvido. Ri envergonhado.
– Desculpe.
– Não precisa se desculpar. Amo seu lado safadinho. – respondeu ela sapeca beijando meus lábios sem mais delongas.
Enquanto nossos lábios brincavam, suas mãos pequenas e ágeis desceram desabotoando minha camisa. Também não brinquei em serviço, descendo minhas mãos até seu bumbum, onde apertei com força trazendo-a ainda mais para perto colando nossos corpos. Parti o beijo, tomando seu pescoço sedento enquanto Anna permanecia em sua tentativa de retirar minha camisa. Parei os carinhos quando senti a camisa sair do meu corpo com rapidez, com as unhas vermelhas dela arranhando meu peitoral magro.
– Você é muito gostoso. – disse ela no meu ouvido.
– Você é muito mais. – retruquei beijando seu pescoço novamente.
– É a primeira vez que faço amor na cozinha. – comentou Anna.
– Será uma aventura incrível. – falei tomando seus lábios em desejo.
[...]
Três Dias Depois...
Alguns dias depois os pais de Anna retornaram a casa. As coisas na escola ficaram mais complicadas para mim. Frad e sua turma continuaram a me humilhar, e eu continuava a esconder da minha namorada o que eles faziam comigo. Eu sabia que ele sempre praticava Bullying contra mim quando ela não estava por perto, porém eu também jamais comentei com ela sobre isso. Já bastavam os problemas que ela enfrentava em casa.
Perdão por não comentar, mas assim que os pais dela chegaram estavam em completa tensão. Ashley me contou que os dois brigavam a todo instante e que aquilo estava prejudicando a minha pequena e seu irmão. Ela, porém, nunca contava o que acontecia, sempre sofrendo sozinha. Não sabia como ajudar. Anna Mel sorria o tempo todo, brincava, gargalhava. Porém eu sentia que aquilo não era verdadeiro.
– Então que batatinha acha que devo comer primeiro? A da esquerda com carinha de maionese, ou a com cara de catchup? – perguntou ela ao meu lado no refeitório. Estávamos na hora do almoço, então poderíamos sair e voltar apenas no horário combinado. Sorri pondo uma mexa do seu cabelo para trás.
– Porque invés de comer coisas gordurosas, não come algo mais saudável como eu faço? Se você ingerir muita gordura, vai entupindo as veias do coração resultando em doenças no futuro próximo. – argumentei. Ela riu apertando minhas bochechas, logo parando assim que o celular vibrou em seu traseiro. A vi tirar o aparelho do bolso, lendo uma mensagem com rapidez.
– Minha mãe quer que eu vá ao hospital onde meu pai trabalha para pegar alguns papeis, já que ela está muito ocupada. Não vou demorar. – falou ela levantando da cadeira.
– Eu vou com você. – me prontifiquei a levantar, e juntos caminhamos para fora da escola. Andávamos pelas ruas abraçados entre constantes risadinhas, beijos e carícias como um digno casal apaixonado. As conversas bobas embalaram o momento o tornado tão agradável a ponto de chegarmos ao nosso destino ainda mais rápido.
– Olhe, é o carro do papai. – comentou Anna enquanto andávamos pelo estacionamento.
Porém em segundos depois me arrependi de deixá-la vir quando vimos Alex dentro do carro trocando caricias com uma loira desconhecida. Ainda estávamos paralisados quando ele parou de beijá-la e nos olhou engolindo a seco. Céus!

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