15 de ago. de 2013

My Angel - Capítulo 13 - Desejo de Aniversário

 Ainda 04 de Março, Segunda-Feira, New York City, 20:15pm
Custo a crer que aquilo estava de fato acontecendo. Na sala de jantar, se encontrava uma família feliz, reunida para matar as saudades, dividir novidades e planejar o futuro. Na cozinha, onde estava, sentia-me cada vez mais desconfortável, afinal, era a família dele. Era uma intrusa em seu âmbito de felicidade e harmonia, onde tudo era perfeito. Não me encaixava ali. As piadas, as brincadeiras, os fatos da infância de Justin eram apenas assuntos que não era incluída. E de fato, não desejava. Não sabia como agir, e tudo parecia girar, como se estivesse dentro de uma tempestade onde não há escapatórias. Bem, de fato estava, não é? Minha vida era uma tempestade em seu todo. Aquelas pessoas risonhas eram do tipo que jamais poderia ser. Nem mesmo nos meus sonhos mais insanos. Uma fracassada. Talvez Iago estivesse certo ao sugerir minha morte. O mundo estaria melhor sem mim.
- Hanna, querida, onde está você? Se junte a nós. - dizia a mãe de Justin da sala de jantar.  Secando as poucas lágrimas que caminhavam em minha bochecha, organizei o a bandeja sobre as mãos e me fui em direção as vozes alegres. Detesto gente alegre. Hum, isso é biscoito caseiro? Essa criatura realmente existe? Cale a boca, estou com fome. E vale lembrar, Hanna, que eles são muito legais. Não escute essa tonta.
- O que está carregando meu doce? - tornou a perguntar a morena baixinha. Seu jeito carinhoso, olhar brincalhão e sorriso largo tinham o poder de deixar-me nervosa. Era mais do que evidente que não fazia parte daquela família.
- Vejam! Esse é o sorvete caseiro mais saboroso que já provei na vida. Irão adorar, ela é ótima na cozinha. - comentou Justin, olhando com empolgação para a grande tigela de vidro que deixei sobre a mesa, antes de sentar-me ao seu lado.
- Então, já está pronta para casar. - brincou seu pai, e o sorriso singelo que preparava-se para aparecer em meu rosto, se contraiu, desistindo por completo. Ou seja, uma empregada. Ouviu bem o que ele disse? Pensei que casamentos fossem mais pelo amor, do que pela sua qualidade na cozinha. Boa sorte na limpeza, querida.
- Não irei me casar. - cortei antes que pudesse evitar.
- Não irá? - perguntou o homem. Parecia não acreditar ter ouvido tanta firmeza em minha voz.
- Não. Nunca. Não desejo ofender, mas é um completo desperdício.
- Seria, se não houvesse amor, certo? - tentou sua mãe.
- Amor não existe. É uma mentira, algo usado para fins comerciais. Assim como ocorre, infelizmente, com o Natal ou a Páscoa. Pessoas más se utilizam desses artifícios para magoar seus semelhantes, para alcançar o máximo de sua ambição. É uma tolice.
- Mas, meu bem, como alguém pode viver sem amor? - tornou a questionar, a confusão estampada em seu rosto. Eu passei a minha vida inteira sem amor, pensei, poderei passar o restante. E ainda estou aqui para contar a história. Finalmente você disse algo correto! Tem razão quando diz que amar é perda de tempo, e começo agora, apenas agora, a acreditar que minha Hanna voltou. 
- Onde aprendeu isso? Seus pais parecem ser tão felizes juntos. - disse o Sr. Bieber, Jeremy, se estou certa.
Apenas parecem, respondi em pensamentos. Pois são eles os responsáveis pela garota sentada a sua frente. Pelas suas palavras, e pela dor que carrega todos os dias no coração.
- Apenas opinião. - dei de ombros encarando meu prato vazio sobre a mesa. Estava cansada de fingir sorrisos, dar gargalhadas que não eram minhas. E tinha certeza de que eles não gostariam de mim. Porém aquilo não tinha importância.
- E por falar neles, como estão? Seu pai, Iago, parece muito preocupado. Sabe que está aqui? - tornou Jeremy. Não quero saber sobre eles, e pouco me importam se estão bem ou não! Minha mente gritava em resposta, e me mantive firme para não chorar. Sei muito bem porque eles estão preocupados.
- Justin, bebê, porque não vai com seu pai até a cozinha? Precisamos de recipientes para provar o delicioso sorvete caseiro de nossa querida Hanna. E você, Jeremy, porque não o ajuda, precisamos de outros talheres também.
- Mãe! Não me chame assim na frente das pessoas. Que vergonha! - repreendeu Justin, fazendo sua querida mãe rir do filho de bochechas vermelhas. Infelizmente não consegui acompanhá-la. Quando os dois se levantaram, com um pai rindo de seu filho, enquanto este, por sua vez que resmungava saíram, ficamos apenas eu e ela. Me senti ainda mais desconfortável. Não faz ideia do quanto já desejei ouvir minha mãe me chamando de bebê. Você tem sorte de ter uma mãe assim, Justin. Pensei, respirando fundo.
- Posso falar com você, Hanna? São apenas duas palavrinhas. - tentou gentilmente a minha frente.
- Claro.
- Espero que não fique chateada, meu bem, mas eu sei o que houve com você.
- Tecnicamente, são mais do que duas palavrinhas. - para minha surpresa, ela riu baixo antes de retomar a fala. Ela é tão fofa. Cala a boca!
- O que quero dizer é que Justin ligou para mim quando salvou você daqueles... Canalhas. - respirou fundo. Viu? Além de doido é fofoqueiro! Como está se envolvendo com aguem assim?... Se não se calar vou bater em você. - Bem, ele queria um médico para cuidar de você, e indiquei o doutor da família... Bem, o que estou tentando dizer, é que já passei por isso. Sei exatamente como se sente, e acredite em mim quando digo que até hoje não esqueci o que houve.
- Não sei do que está falando. - continuei a negar com firmeza. Não queria acreditar que Justin tinha revelado meu segredo para mais alguém. Já era suficientemente ruim ele saber.
- Tenho certeza de que sabe. Não precisa sentir vergonha. - sorriu fraco. - Sei como está se sentindo, que tem medo dos seus pais; não minta, eu vi o jeito que os olhava quando nos conhecemos pela primeira vez na festa. Acho que fugiu de casa e foi atacada por aquele nojento. Apesar de agradecer a Deus por meu filho ter encontrado você a tempo, por estar bem, eu realmente espero que supere, que siga em frente. - falou em sinceridade e, pude notar, antes que ela rapidamente passasse a mão pequenina pelo rosto, uma lágrima silenciosa rolar. - Justin está tratando-a bem?
- Ele é maravilhoso.
- Fico feliz que esteja bem... Sabe, Hanna, quando a vi pela primeira vez, senti que de alguma forma era uma pessoa especial. E veja só. Estava absolutamente certa.- sua firmeza era real, mas pode me deixar ainda mais envergonhada. Era decididamente complicado falar sobre tais acontecimentos com alguém, ainda mais desta natureza. Porém, não me convenci de fato que Pattie, realmente dissera a verdade. Ela só quer dizer que sente pelo que... Ah! Pare de ser mentirosa! É óbvio que essa riquinha jamais teve uma experiência assim. Ou que tenha passado por dificuldades na vida. Não percebe que ela ri de você por dentro?
- Garotas, não vão acreditar no que encontrei. - gritou o homem de grande sorriso no rosto aparecendo na cozinha com um livro marrom nas mãos. Justin corria em seu encalço, aparentemente não gostando da ideia de seu pai ter achado algo provavelmente - para ele -  vergonhoso. 
- Pai, não faça isso, por tudo que mais ama. - tentou Justin, em pequenas investidas para retirar o provável livro das mãos do homem que chamava de pai. Até imagino as coisas que ele esconde aí.
- Ora, não creio. Jeremy, você achou o álbum de fotos dele. Isso é maravilhoso! Pensei que tinha se perdido na mudança. - exclamou a mulher, tornando com seu sorriso branco nos lábios. Justin resmungava, enquanto o pai mostrava, demoradamente, cada fotografia do filho em sua infância. Seus pais, em altas gargalhadas, contavam a história de cada uma, deixando o filho incrivelmente envergonhado. Foi-se assim, sobe um clima agradável que as horas se passaram tão rápido, que ao encarar o relógio, os dois acharam que deveriam ir. Agora, trancada no banheiro, deixei as lágrimas rolarem por meu rosto. Não tentaria impedi-las. Tinha certeza de que não era um sentimento nobre, porém, por um momento o invejei. Invejei porque não tive pais assim, por não ter sido feliz. Aquilo magoava mais do que qualquer outra coisa. Ele era sortudo em todos os aspectos. Talvez fosse essa a razão da dor, mas não me agradava presenciar tais cenas. Não tive uma vida assim, e não desejava lembrar desse pequeno detalhe a cada momento. Viu como estava certa? Ele quer passar na sua cara que é feliz. Me ouça, Hanna, fique longe... Ora, cale-se!
- Hanna, está tudo bem aí dentro? - limpei a garganta ao ouvir sua voz do outro lado da porta.
- É claro.
- Tem certeza? Faz quase meia hora que está aí, está tudo realmente bem?
- Está contanto a hora desde que entrei? - perguntei curiosa, escondendo a custo os soluços, a voz trêmula.
- Bem, é que... Espere. Está fazendo,... Hum.... Coisas de mulher?
- Desculpe?
- Ah, você sabe! - retrucou de voz nervosa. Sorri inconscientemente, mas parei assim que o notei em meu rosto.
- Logo terminarei, Justin. - respondi. Como o conhecia, imaginei-o concordando com a cabeça.
- Certo. Estou esperando você no quarto, temos escola amanhã.
- Tudo bem.
- Se demorar mais dez minutos, vou bater novamente. - concluiu em leve preocupação, e pude me permitir derramar mais algumas lágrimas ao ouvir uma porta bater.
[...]
08 de Março, Sexta-Feira, New York City, 09:15am
- Diga, como é viver com aquele Deus Grego vinte e quatro horas por dia? - sussurrou Abigail, guardando seus materiais na bolsa. Suspirei. E o que essas garotas tem na cabeça, também?  Ele não é nenhum pouco bonito! Vamos, não minta, eu vi você se abanando quando apareceu sem camisa mais cedo. Você é uma retardada que só fala bobagens! Abigail está certa, assim como eu estou dizendo que essa outra ficou boba com ele. Não fiquei... Quieta!
- Será que dá pra esquecer isso um pouco? Está ficando muito chato.
- Pare de ser reclamona! É egoísmo guardar para si os segredos de um rapaz tão...
- Abiagil! - reclamei virando para o lado. Ela tinha uma expressão sapeca no rosto, uma das que mais odiava, e se divertia com minha irritação.
- Viu como fica vermelha quando falo isso sobre ele? - continuou.
- Eu não fico assim, será que dá para parar?
- Me diz, o que é mais bonito? Os olhos, a boca, o peito ou o conjunto?
- Eu já disse para parar!
- Não precisa ficar envergonhada, Hanna, sou sua melhor amiga. Pode abrir seu coração.
- Eu juro que se não calar essa boca...
- Vai fazer o que? Qual é, não posso acreditar que não admire o corpo de um belo garoto que mora com você. Não minta dizendo que não está havendo algo entre os dois. - insistiu.
- Não está, entendeu? Eu reparo sim, é claro. Ele é um garoto, e eu uma garota. Mas precisa entender que não é porque estou olhando que está rolando algo. Aquele doido é meu amigo, e amigo apenas. Jamais irá conquistar posição melhor do que essa.
- Ouvi me chamarem? - perguntou Justin.
- Como é que é?
- Tive a impressão de ouvir a palavra 'doido', então achei que estivesse me chamando... Ah, oi Abigail. - acenou gentil para a menina ao lado. Era como se um monstro urrasse para socá-la por estar olhando demais para ele. Uma fúria inexplicável cresceu em mim e precisei manter-me firme para não bater nela.
- Eu soube e as duas próximas aulas serão vagas. Sara sugeriu que poderíamos passar o tempo jogando cartas, ou como ela mencionou: Ficaremos vadiando no jardim. O que acham? - perguntou animado. Com ele, tinha certeza de que não haveriam respostas negativas, por tanto, apenas guardei meus materiais e caminhamos em direção a grande turma no corredor. Sara e Abigail falavam animadamente com os rapazes a frente. Algumas garotas andavam atrás de cochichavam, animadas; o motivo de conversas em vozes baixas era o rapaz ao meu lado. Ele parecia realmente não ligar, porém, mesmo tentando controlar tais sensações estranhas, quando dei por mim tinha meu corpo virado na direção das duas garotas loiras; elas não riam mais. Neste instante percebi o que estava prestes a fazer e caminhei na direção das duas, e para minha própria surpresa, não parei para reclamar sobre os assuntos inconvenientes sobre Justin. Ainda fervendo de raiva, ouvi a voz dele me chamar ao longe, porém aquilo não me fez parar.
- Está indo na cantina? Espere por mim, vou com você. - dei mais alguns passos em extrema rapidez. Precisava ficar o mais longe possível dele. Não estou gostando dessa história. Hanna, volte para Casa já! Voltar para casa? Uma pinóia! Nada disso, não mesmo. Não escute-a, entendeu, Hanna?
- Você sabe que sou preguiçoso! Não corra! - tentou brincar; aquilo não funcionou. Não até, é claro, ele segurar meu braço e virar-me de encontro para ele. Ui, o bonitão... Cala a boca, retardada!
Taylor Swift - Everything Has Changed ft. Ed Sheeran
 - O que houve?
- Nada.
- Hanna Banana! - repreendeu.
- Como?
- É um apelido.
- Não gostei.
- Sério? - perguntou assustado. Mesmo sem querer, ri.
- Estava brincando. - comentei, retomando a expressão sem sorriso. Ele sorriu mesmo assim, aliviado.
- Ufa. Pensei que teria de encontrar outro. Esse é perfeito pra você. - disse piscando para mim. Eu realmente detesto esse cara! - Então, o que acha de darmos uma volta por aqui?
- Pensei que fosse ficar com os outros. E beliscar a comida dos coitados.
- Eu até faria. Mas tenho uma coisa mais importante para fazer.
- Então vá.
- Mas é uma coisa que tenho que mostrar a você.
- Vai me arrastar para um lugar escuro? Ou vai me sequestrar e pedir como resgate Rosquinhas de Chocolate? - ele riu pegando gentilmente minha mão. Minha pele se arrepiou ao toque; se ele percebeu, fingiu que nada tinha acontecido. Sem responder-me, andamos em torno da escola. Era um caminho conhecido por mim, e tive certeza de onde estávamos indo quando pude sentir o sol, mesmo que fraco, brincasse em meu rosto e o vento fresco levasse alguns fios de meus cabelos a rebeldia.
- Esse é o Terraço, Último Piso ou seja lá como for que queira chamar. Achei esse lugar enquanto tentava encontrar um lugar para beber água. - explicou Justin. Ele indicou um pequeno banco, suficiente para duas pessoas, onde me sentei sem dizer uma única palavra. Atrás de nós, estava uma árvore de grandes galhos e grama sobre suas raízes. Com ele sentado ao meu lado, passamos alguns minutos em um agradável silêncio.
- Você já conhecia esse lugar. - afirmou encarando o horizonte. Afirmei. - Vi pela sua expressão nada surpresa. Mas espero que esteja contente em compartilhar este local comigo.
- Estou.
- Isso é bom.
- Verdade. - continuou e meu olhar seguiu o seu, observando mesmo que muito distante, pudesse ver a Ponte do Brooklyn.
 - Sempre a achei imponente, sabe, a Ponte do Brooklyn.
- Eu diria que ela é tragicamente bela.
- É verdade que as pessoas se jogam do alto dela?
- Verdade. Parece idiota falar, mas a maioria delas se mata por amor.
- Você faria isso? Se mataria por amor? - questionou Justin, de olhos ainda vidrados no horizonte.
- Talvez, já tenha lhe dito, que não acredito no amor. E seria tolice me apaixonar. Sentimentos como esse só trazem problemas, e de problemas já estou cheia.
- Mas não é porque não acredita que está destinada a não senti-lo. - retrucou.
- Minha vida já é complicada o bastante para acrescentar a dor que é amar. Se  fizesse, seria justamente por não suportar mais sofrer, ser injustiçada. Mas não por um ser amado.
- Mas, digamos, em uma situação hipotética. Se você estivesse amando, e para você não houvesse saídas. Seria capaz de se jogar de lá por alguém? Digo, amor verdadeiro?
- Sim. Acho que não poderia haver um fim mais belo do que esse. Talvez uma morte rápida, e indolor.
- O rapaz que ganhar seu coração, será, com toda certeza, o homem mais sortudo do mundo.
- Esta possibilidade está fora de cogitação, Justin. Meu coração está fechado para entrega.
- No momento?
- Para o resto da vida. - corrigi. 
- Realmente nunca entendi porque se recusa a ter uma vida, a amar. Entendo que tenha passado por momentos difíceis, e não quero forçá-la a falar, mas incomoda muito saber que não posso ajudar em nada.
- Você já ajudou bastante, acredite. Você salvou minha vida, apesar de ter chegado tarde demais para manter minha dignidade. - suspirei, encarando as próprias mãos desta vez. - Não seria justa se não lhe contasse a verdade, não é? Ou uma parte dela. Pois bem, eis a verdade. Fui expulsa de casa. Aconteceu depois que nos beijamos e fui arrastada para longe de você.  - dizia em voz baixa com medo de ser ouvida por mais alguém além dele. - Fui golpeada por uma faca antes de ser posta para fora, e os dois únicos dias que dormi na rua foram suficientes para... Enfim, fui surpreendida por aquelas pessoas, se é que posso chamá-las de pessoas. E depois você me encontrou. Você e Kenny.
- Eles seguiram você?
- Acho que não devo dizer, não gostaria que me julgasse porque não me sinto preparada para contar a história toda. Não você.
- Não seria tolo de fazê-lo. Sabe que pode confiar em mim. Entenderei, acredite.
- Eu... Eu tinha problemas familiares em níveis graves. Eles eram... Horríveis, monstros! Acabei conhecendo um garoto errado; me ofereceu drogas. Me senti maravilhosa  na época, ela me fazia esquecer o que estava realmente acontecendo, e poderia me sentir feliz por um momento. Porém, com certo tempo, comecei a não pagar no exato momento em que adquiria o produto. Então, ele achou que aquela seria a melhor forma de pagamento. Fazendo aquilo comigo. - conclui, controlando as lágrimas, mantendo a voz firme e olhar quase calmo. Justin, por sua vez, não parecia querer esconder a onda de raiva que crescia assustadoramente dentro dele.
- Canalha!
- Está tudo bem, já passou. - encarei-o pela primeira vez desde que nos sentamos.
- Um dia ouvi alguém dizer que um cara chamado Luca saiu da escola porque os policiais estavam atrás dele. Foi esse cara que machucou você? - estremeci ao ouvir o nome dele. E infelizmente, Justin percebeu. Não seja tão fraca, sua boboca! - Era ele, não era?
- Era.
- Eu juro que se encontrar esse idiota novamente, juro por tudo que é mais sagrado que lhe arranco o pa...
- Ok, certo, eu entendi.
- Desculpe pelo palavrão. Foi sem querer. - desculpou-se. - É que é horrível pensar que isso... Quer saber? Vamos mudar de assunto antes que minha raiva seja o suficiente para me fazer querer socar algo.
- Preciso ter medo disso?
- Jamais. - sorriu largo, o sol de encontro a seu rosto. Levantou-se e esticou uma das mãos para mim. Vendo a expressão confusa em meus olhos, piscou enquanto ria. - Vamos dançar.
- O que? Ficou maluco, e a música?
- Quem disse que só se pode dançar ouvindo algo? Venha, faremos nossa própria música. Devo dizer que canto muitíssimo bem. - levantei e juntos caminhamos para o meio do terraço. Ele segurou minha cintura, enquanto abraçava seu pescoço.
- Em primeiro lugar você não é nada modesto.
- Eu tento. - piscou novamente.
- Segundo, danço muito mal. Irei pisar no seu pé o tempo inteiro, não será nenhum pouco agradável. - afirmei antes que ele pudesse começar a dançar levando meu corpo com ele. Justin cantava de boca fechada, tinha as mãos na minha cintura em um aperto firme e seus olhos pareciam pregados aos meus.
- Como falei antes, você mente muito mal. Veja como dança graciosamente. É quase melhor que eu.
- Bobo. - afirmei. Ele apenas riu. - Eu queria dizer uma coisa, é meio que importante. Não pude lhe dar nenhum presente no seu aniversário...
- Não me importo com isso.
- Eu sei, você já disse isso. Mas eu me importo. Então, você pode escolher seu presente que encontrarei uma forma de dá-lo.
- Hanna, é sério, realmente não é necessário. - insistiu.
- Mas eu quero fazer isso.
- Tudo bem, então eu quero de presente um Camaro, sabe, aquele do filme dos Transformers, ou então uma mansão no valor de trinta milhões de dólares, ou quem sabe...
- Justin! - reclamei assustada. Percebi que era uma brincadeira porque ele não parava de rir. E depois quando falo que ele é retardado ninguém me escuta. Cala a boca, mas que coisa!
- Então um beijinho?
- Não.
- Ah, assim não tem graça! - fingiu reclamar.
- Você é muito doido, é sério.
- Que nada. Você é que louca por mim e meu corpinho nu. - brincou mais uma vez. Tudo que fiz foi rir, a coisa mais frequente que acontecia quando se passava algum tempo com ele. Continuamos a dançar.
- Sara me contou uma coisa muito interessante sobre você.
- E o que ela falou?
- Me contou que você costumava fazer aulas de balé, mas não mencionou porque parou. Falou que via um brilho feliz em seus olhos quando dançava, que amava a dança. Que sonhava em se apresentar no Teatro da Broadway representando o papel de Clara de O Quebra-Nozes. Disse que, em sua humilde opinião, parecia um anjo dançando. Gostaria de ter a honra de poder apreciar também. - comentou ele. Fiquei muito irritada com Sara por saber que ela tinha revelado um de meus segredos para ele. Disso, ele realmente não precisava saber. É nisso que dá confiar nas pessoas. 
- Como você mesmo disse, eu não danço mais.
- E porque não? - insistiu curioso.
- Porque não. - continuamos a dançar sem ouvir nada além do sopro do vento em nossos ouvidos.
- Então é isso que quero.
- Isso o que?
- O meu presente de aniversário. Quero que dance para mim, Hanna.
- Escolha outra coisa. - retruquei. Mas que droga, Sara!
- O que poderia me deixar mais feliz do que vê-la dançando o Pas De Deux? É o presente ideal.
- Não insista, por favor.
- Tudo bem, é que... Desculpe. - seu tom de desapontamento doeu. Não sabia porque, mas aquilo realmente incomodava. Mas ele não sabia, e jamais saberia porque me recusava a dançar novamente. Era um sonho que tinha se perdido no meio do turbilhão de dor e sofrimento, e não fazia sentido algum tonar a dançar. - Ao menos irá ao Spring Break.
- Acho que isso também não.
- É sério Hanna, se não for juro que levo você de qualquer jeito. E ficará sem Nachos por um mês.  - ri.
- Você é o garoto mais estranho que já conheci.
- Isso é um elogio para mim.  - continuou. Giramos juntos, sentindo a brisa ricochetear em meus cabelos. O vi sorrindo, os olhos em minha boca; a mão fazendo carinhos em minha cintura com o dedo polegar. - Eu realmente quero beijar você.
- E eu não vou deixar. - brinquei. Pensei ter visto um anjo quando seus olhos encararam finalmente os meus, quando o sol banhava seu rosto em sua luz. Tão lindo.
- Sei disso. Hanna Banana. - continuou sorrindo. Sabia que também me arrependeria daquele momento romântico depois. O único e pior problema, era que eu poderia reviver em memórias, essas horas maravilhosamente perfeitas por infinitas vezes.



Notas Finais
Oi pessoal, aqui está mais um capítulo da fic. Demorei uma eternidade, eu sei, e peço desculpas pela milionésima vez. Enfim, espero que tenham realmente gostado, comentem para eu saber o que estão achando e muitos beijos. Vou escrever logo para não demorar tanto. E novamente, beeeijocas :D

Hanna(jantar):  https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPnuV23-16zAqqemx90427BkNSoYIHFbH6lhBnG0GU8nAs0Uzt_W3hJOWmX7nyGpwA9OKD_pL7RpzrpzniZjWsDSxqf1WnugDya78-7hFNx-G__7kYXChyXSK6WgP8lHQTjILhFDCkPUg/s1600/lucy+hale+aria+pretty+little+liars+season+1+episode+11+cute++fashion..JPG
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12 de ago. de 2013

My Dear Nerd - What If - Capítulo 45 - Revelando

 POV ANNA
- Você tem comida? - perguntei para o garoto da frente. Ele tinha cara de bobo, como se a Beyoncé tivesse acabado de falar com ele. - Está na sua bolsa? Eu posso pegar? - perguntei novamente. Sem dar tempo para que ele respondesse, abri sua mochila e tirei de lá, completamente satisfeita, um pacote de Ruffles Cebola e Salsa. Feliz, deixei um beijinho na bochecha dele, agradecida.
- Ai. Meu. Pai. - disse pausadamente, como se não acreditasse que tinha feito aquilo. Se o estava encarando estranho? Com certeza. Ele virou, ainda abobalhado para frente, acariciando a própria bochecha que foi beijada por mim. - Fui beijado pela Anna Mel... - cochichava para si. Ah, entendi. A garota popular falou com o "normal". Mas o estranho de tudo é que ele joga no time de basquete, e afinal, para quê todo esse espanto se eu já falei com ele antes? Pera, eu falei? Bem, acho que sim.
- Esse é de qual?
- Meu predileto.
- Cebola e Salça? Que sorte. Vai que ele tivesse Pizza's estragadas lá dentro; minha beleza não pode se arriscar assim. - se ainda estiverem em dúvida, sim, essa é a Ashley falando. Mas acho que não preciso dizer que é ela, não é? Já que estamos falando nela, essa doida comia escondido um saquinho cheio Alcaçuz Vermelho. E antes que perguntem, eu belisquei uns muitos sem ela ver. O que deu certo por um tempo, até que ela percebesse e me mandasse "caçar" minha própria comida. Foi por isso que vasculhei a bolsa daquele menino. Não me culpem. Faz três dias que estou sem meu namorado. Estou com saudades. Com saudades e com fome.
- Não precisaria fazer isso, se alguém, não houvesse me negado comida.
- Mas veja pelo lado bom: você tem Ruffles. - deu um sorriso de dentes extremamente brancos antes de dar outra mordida no Alcaçuz. Viram como ela é má?
- Srta Benson e Montês, é pela milionésima quarta vez que lhes peço silêncio! - reclamou o professor.
- Foi mal, professor. - falei abrindo o pacote.
- Já que aparentemente sabem de tudo...
- Não sabemos, não.
- ... Estão conversando demais, então devem saber mais do que eu. Então me digam, por que o autor...
- Por que ele queria escrever algo com sentido. Por exemplo: " Lá vai Anna Mel sem estar comendo nada". Isso é muito sem sentido. - respondi e a turma inteira riu. Inclusive o professor.
- Ok, certo... Continuando...
- Espera, o senhor não vai reclamar por estar comendo na sala? - perguntei curiosa. Ué, o que deu nele?
- Não Anna, não vou. - sorriu e continuou a falar as mesmas coisas de sempre. Coisas essas que pareciam mais Latim do que qualquer outra coisa. Mas fiquei feliz por ele não tentar confiscar minha comida. Abri o caderno com a mão vazia, ouvindo o barulhinho que a loira fazia do meu lado enquanto comia, e observei alguns pequenos cartões que Justin escrevia nas folhas. Ou melhor, mensagens.
 " Você está muito bonita hoje." 
 " Seu cabelo cheira muito bem."
 " Está prestando a atenção na aula, ou suas bochechas estão vermelhas de tanta força que faz para enfiar comida na boca? " 
" Acho que vou bater em alguns garotos: estão olhando demais para você." 
" Gosto do sabor do seu brilho labial. " 
 " Não diga a Ashley e deixei cair um esmalte rosa, enquanto ela pintava as unhas escondida na sala. Ela pensa que foi ela. Não quero morrer jovem. " 
" Comprei Doritos pra você. Os quer agora ou depois? "
" Aceita ajuda pra estudar para prova de amanhã? "
" Não gosto daquele cara que olha pro seu traseiro nos ensaios da torcida. Vou dar um chute nele se fizer de novo. "
" Gosto quando faz carinho na minha bochecha e me beija a ponta do nariz. Sabia disso? "
" Eu te amo muito. Por exemplo, sabe o quanto você ama comida? Igual, só que bem maior que isso. Muito maior. "
Sorri. Todas eram engraçadas, contando pequenos detalhes de nosso dia-a-dia. A única coisa que tinham em comum? Tinham a mesma frase depois do recado: Com Amor, um Nerd. Eu sabia que um dia tudo aquilo acabaria. Mas não daquela forma. Sempre antes de dormir, me recriminava por ter deixado ele partir. Por não ter impedido, por não tê-lo obrigado a ficar aqui. A ficar por mim. Mas que tipo de pessoa eu seria se o fizesse? Uma egoísta e mimada? Não, eu não podia fazer aquilo, por mais que doesse. Doía mais em mim do que nele.
- Não tente roubar minhas batatas, loira. - avisei quando vi de relance ela tentar por as mãos pintadas dentro do meu pacote. Mas vejam bem, só tentar, porque vigio minha comida vinte e quatro horas por dia, ou até que ela esteja no meu estômago, e bem, quando vi aquilo, puxei o saco para longe dela.
- São só Ruffles, abelha. - protestou.
- São só Alcaçuz, loira. - imitei-a e ela bufou.
- Malvada. - reclamou. No segundo seguinte a vi morder a barra do doce com tanta raiva, que cheguei a pensar que ele viraria pó. - Essa coisinha... Essa... Quem ela pensa que é? - cochichava irritada. Oi?
- Mas o que...
- Quem ela pensa que é, afinal? Vai ficar se esfregando com ele em público? Como se ele ligasse pra ela, essa coisinha!
- Certo, posso saber o que está acontecendo? - interrompi antes que ela continuasse falando sozinha. Porém, usei a cabeça e decidi dar atenção para o ponto que ela encarava. Primeiro pensei que fosse o Will, mas aí me senti no direito de ficar com raiva. Essa coisinha....
- Sim, Ash, entendo você. Estão tentando roubar nosso Dam sem nossa permissão. - retruquei em resposta mesmo ela não tendo falado nada. Pera, como assim roubar sem nossa permissão? Certo, estou ficando doida.
- Preciso seriamente chutar o traseiro de uma loira vaca. - rosnou.
- Mas você é loira...
- Mas ela é falsificada. - cortou, apertando o saquinho com os doces.
- Ok... Mas não deixe que os doces sintam o efeito colateral. Deixe-me segurá-los. - tentei mais uma vez, porém, para minha surpresa ela não pareceu sentir que o pacote de doces não estava mais nas suas mãos, que eu os estava comendo. Ela continuava a bufar e respirar profundamente sem tirar os olhos dos dois a nossa frente do lado esquerdo. Ok, estou ficando com medo dela.
[...]
- Pode me passar aquela aguinha pra mim, Abelha... Oh, não. Lá vem o Casal Maravilha. - reclamou novamente. Damon e uma garota loira sentaram-se ao nosso lado. Tori e as outras saíram da mesa para falar com a treinadora.
- Olá garotas. Conheçam minha nova, por assim dizer, gatinha. Bonnie estas são...
- Anna Mel Montês e Ashley Victoria Benson, eu sei. São as garotas mais populares, quem não saberia? - cortou sorrindo, e deixando um beijo na bochecha de Damon. Olhei de relance para a loira que parecia espremer a garrafa de água. Ela está tão apressada para por um plano em prática?
- Você está bem, Ashley? - ele perguntou.
- Estou ótima. Nunca estive melhor. - respondeu irônica.
- Nós tinhamos algum programa marcado?
- Por que? - perguntei a Damon. Ele sorria, olhando para a loira. Ela o encarava a altura; mas sem o sorriso.
- Vamos sair hoje. Um cinema. - referiu-se a Bonnie. O que está acontecendo aqui?
- Na verdade tínhamos. - retrucou a loira, a Ashley. Na verdade, não tínhamos nenhum. - E não acredito que está nos deixando de lado por uma... Uma garota.
- Uol, vai com calma.  Se é tão importante...
- Deixa pra lá, Damon. Entendeu? Deixa pra lá. Esquece. Me esquece! - quase berrou e saiu apressada da mesa. Poucas pessoas olharam. Sem olhar para Damon, levantei e dei alguns passos até lembrar que tinha esquecido de algo. Voltei, peguei a minha bandeja cheia de comida da mesa, e sai andando o mais rápido que podia, tentando equilibrar as coisas.
[...]
- Idiota, ele é um idiota completo! - berrava ela.  Ainda bem que o banheiro estava vazio. Dei uma ultima mordida no Hamburguer e limpei a boca, bebendo o refrigerante em seguida. Ela não parava de falar.
- Relaxa. - falei de boca cheia de batatas fritas. E daí? Ele está limpo, ok? Não estou comendo no chão, mas não tinha um lugarzinho melhor, e como tinha que saber o que estava havendo, preciso ficar aqui e ouvir o que ela tinha a dizer.
- Relaxar? Relaxar? Aquela vadia está tentando roubar o Dam de nós!
- Vai com calma. Precisamos arquitetar um plano ardiloso para que ela tenha medo de nós...
- Medo ela tem que é do tapa na cara que vou dar nela.
- Pera. - exclamei. Limpei a boca, agora vazia. - Nunca partimos para violência com uma pretendente dele antes. Me conta o que está havendo.
- Não está havendo nada.
- Se não me contar vou ficar magoada com você. Quer realmente que isso aconteça?
- Tá bem, você venceu. Eu amo o Damon e...
- Ah, é isso? Ash, eu também o amo e sei que o quer proteger, mas...
- Não, você não entendeu. Não é desse amor que estou falando.
- E de que tipo de amor estamos falando?
- De amor de... Amor. - respirou fundo e encarou com firmeza meus olhos. - Estou apaixonada por ele, Anna. Na verdade, eu... Eu o amo. Descobri isso e tentei fazer ciúmes usando o Will. Eu o amo, amo Damon Petter Salvatore. - o copinho de refrigerante caiu da minha mão e me engasguei com a comida que pus na boca instantes antes dela falar.  Quando pude voltar a respirar - ela tinha se assustado e se prontificou a me ajudar - ainda não podia acreditar no que tinha ouvido.
- O que?
- É isso ai. - mordeu os lábios. Ah não, minha loira não. De novo não.

Anna (roupa):  http://24.media.tumblr.com/tumblr_m7gq0wWUJ01rvq9xoo1_500.jpg
Ashley (roupa): https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEimRksUDVA3bRXE3Tstq_YLjZ0wlX2hsjM-zpr7nEw4Oi7ma1W1PV_4TzVNoNCsNwcv24wMzDXAQmYwpkWOkOeQtq-iwKjP10kOBjyjG9PXbv7WUu5voJ-bWjH2fQkSjEHSg5rThZ9XDUU/s640/HANNA-PRETTY-little-liars-red-dress-zipper.jpg

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