Mastiguei o restante da
rosquinha com cobertura de chocolate, agradecida pelo carro ser grande o
suficiente para caber todos nós, sem nos sentirmos apertados ou
desconfortáveis. A loira teve a brilhante ideia de fazermos uma viagem de
carro, para que nos aproximássemos ainda mais um dos outros e nos divertir;
conhecer lugares novos. Apesar da certeza de que, o real motivo é para que eu
me acalmasse e esquecesse um pouco o luto. E para o meu irmão também sorrir um
pouco. Era um lindo começo de tarde de um sábado; é claro que não perderia
minhas aulas de culinária avançada por nada desse mundo.
Damon estava no banco do carona, ao
lado da loira. Não precisava dizer que todo mundo tinha medo quando ela estava
ao volante. Ashley era conhecida como Assassina
de Esquilos. Ela não conseguiu essa fama atoa, acredite. Ninguém queria
admitir que estava tenso demais, com ela ao volante. Para onde iríamos? Ela
queria fazer surpresa.
- Vamos pessoal, falem alguma coisa,
pessoas que me amam! Não gosto desse silêncio. - falou ela, olhando para nós
pelo espelho do carro, os olhos azuis brilhando em animação.
- Loira, olha pra estrada! - Justin falou,
tentando não demonstrar o quão tenso estava com ela ao volante. A loira deu
atenção a pista novamente.
- Sabem, vocês estão muito tensos. Acho
que deveríamos balançar os nossos esqueletos fabulosos e relaxar. - ela se
abaixou no banco, tentando alcançar o rádio. Todos gritamos em uníssono, e ela,
assustada, voltou a posição original, os olhos arregalados e um biquinho na cara.
Apertava o volante com tanta firmeza, que podia deduzir que as pontas dos
dedos estavam ainda mais brancas do que eram. - Gente, mas que susto! -
reclamou, balançando a cabeça em reprovação. - Podia ter matado alguma coisa.
- Você se abaixou pra por uma música!
Podia ter causado um acidente! - quase berrou Mike. - Quem foi que deixou você
no volante?
- Vocês estão muito quietos! Eu só queria
animar um pouco, seu chato! - mostrou a língua, como se ele fosse se ofender
com aquilo.
- Não sou 'chato' quando tenho conhecimento da sua fama
de...
- ... não ouse dizer...
- Assassina de Esquilos! - disse mesmo
assim, como se não tivesse ouvido a ameaça dela. - Eu, sinceramente, acharia
melhor outra pessoa dirigir do que essa loira doida. Eu não quero ver o corpo
de outro esquilo morto. Eu ser eu, no lugar de algum esquilo inocente.
- Como é que é, seu desunhado de uma figa?
- ASHLEY A FRENTE! - todos pulamos nos
assentos e o carro freou bruscamente. Se não fosse o cinto de segurança, a
loira teria batido a cabeça no volante. Eu, que não usava o cinto mesmo com os
protestos de Justin, por outro lado, muito diferente de Ashley não tive muita
sorte. Fui pra frente com tudo, ficando entre Damon e Ashley. Fiquei com o
corpo por cima da marcha, entre os dois bancos da frente; doeu pra caramba.
Quando passou o susto, ela e o moreno olharam pra mim, de olhos azuis
arregalados. Resmunguei baixinho, fazendo uma careta.
- Cê tá bem, florzinha que me ama? -
perguntou a loirinha, preocupada. Os dois me ajudaram, junto a Justin, para que
eu voltasse ao acento de trás.
- Eu disse pra você usar o cinto. - foi a
primeira coisa que Justin falou assim que tornei a sentar ao seu lado.
- Não começa, Justin.
- Você está bem? - perguntou ele,
preocupado.
- Estou, eu acho...
- Por todos santos! Você matou outro
esquilo, Ashley! - ouvir a voz do meu irmão me fez perceber, que ele já estava
do lado de fora do carro, olhando o provável esquilo esmagado pelo pneu.
Caitlin foi se juntar a ele para olhar. Todos acabamos fazendo o mesmo, e não
me surpreendi ao ver o esquilinho morto; nozes espalhadas no chão.
- Como foi que você não viu, loira? -
disse Cait, abobalhada.
- É, - começou ela, deitando a cabeça de
lado pra pensar. - tinha nozes na pista.
- Ainda tem nozes na pista. - comentei.
- Você é um perigo no volante! - comentou
Justin, ao meu lado, olhando o pobre esquilinho. - Eu sabia que não poderíamos
deixar você dirigir.
- Hey, não falem assim da minha pessoa e
beleza. A culpa foi dele, por andar na pista quando meu carrinho fofo estava
passando. Podia ter me esperado passar!
- Ele é um esquilo, Ashley. Não um ser
humano. - falou Damon, amável.
- Sabe o que fez? - Mike chegou mais perto
dela, que se escondeu atrás de Damon. - Deixou mini esquilinhos esperando pelo
pai na casa da árvore, famintos para comer as nozes. A mãe esquilo está muito
preocupada com a demora do marido, e mal sabe que vai ter que criar os bebês
sozinhos. - ele chegou mais perto: ela, se encolheu mais. - E quando souber que
ele morreu, só Deus sabe o que ela vai fazer, e você é a culpada por uma
família destruída. E cinco esquilinhos sem papai.
- Mike! - reclamou Damon, enquanto Ashley
se escondia atrás dele. - Não seja cruel com ela, não fez por querer.
- Eu não queria matar esse esquilo
fofinho, juro! Tudo que vi foi as nozes na estrada. - respondeu baixinho. - Se
quiser, vamos esperar a esquila vir aqui e vou explicar pra ela o que
aconteceu, e vou jurar dar nozes pra ela e os filhos esquilos pra sempre. -
disse rápido, como se tivesse acabado de ter uma ideia brilhante, um plano
infalível. - Mas, hey! Como você sabe que são cinco esquilos bebês?
- Não sabia que você falava esquilês. - meu irmão falou,
irônico. Mas a carinha que ela fez foi muito engraçada. Mike riu, mesmo que sem
querer.
- Eu aprendo. - respondeu ela. O pessoal
riu com aquela declaração, até mesmo meu irmão. Mas eu, por exemplo, não
consegui rir junto com eles.
- Acho melhor continuarmos o caminho. -
comentei depois de alguns segundos.
- Mas sua namorada não vai mais dirigir, a
não ser que queira ver outro esquilinho morto, Damon. - comentou Caitlin, e a
loira saia de trás do namorado aos poucos.
- Vamos logo, antes que a mãe esquilo
venha e queira me matar. Eu tenho pena de bater em animais, então não vai ser
uma briga justa. - comentou a loira, de repente, e todos riram novamente.
No fim das contas, quem tomou
a direção foi Damon, enquanto a loira lhe dizia por onde ir. O resto da viagem
foi animada, ouvimos música, comemos e contamos piadas. Justin como sempre,
nerdeou um pouco. Ashley contou que um salão de beleza novo abriria daqui a
algumas semanas e que levaria a mim e a Cait lá. Não houve mais esquilos mortos
ou nozes não vistas pela estrada. O sol brilhava forte naquela bela tarde de
sábado.
Não tivemos nenhuma
surpresa, assim que finalmente chegamos ao nosso destino. A casa de praia
em que passamos uma parte do último verão. Ela estava do mesmo jeito de que me
lembrava de como a deixamos, e não sabia se deveria me sentir confortável em
revê-la. Esse lugar era um velho conhecido meu, de tempos muito distantes e que
fazia de tudo para esquecer. Agora, ela me dava boas lembranças, ao menos de
uns tempos para cá. Fui uma das primeiras a sair do carro, e ficar de frente
para ela; admirando-a.
- Já que o verão passado foi feito de
momentos maravilhosos, achei que seria uma boa ideia voltarmos pra esse lugar.
Vocês gostaram da ideia, pessoinhas lindas que me amam mais do que tudo? -
perguntou Ashley, orgulhosa de sua escolha, assim que todos nós estávamos do
lado de fora.
- Acertou em cheio, loirinha. - falou
Caitlin, e as duas trocaram sorrisos entusiasmados. - Adoro a praia, e o dia
hoje está lindo.
- Verdade, pessoal. - concordou Damon. - O
que acham de mergulharmos um pouco? Há tempos que não tomo um banho de mar.
- Não temos roupa de banho, Damon. -
respondi como se fosse óbvio. - Não trouxemos.
- Você acha que eu os traria aqui sem ter
nenhuma roupa de banho? - foi a vez de Ashley perguntar, com um sorriso idiota
na cara. As mãos na cintura em pose de diva. - Fiquem tranquilas que eu já me
encarreguei dessa parte, pessoas que me amam. - Caitlin e eu nos olhamos,
assustadas.
[...]
- Tudo bem, agora podem repetir o quanto
eu sou incrível. - falou a loira, acho que pela milésima vez. Não admitiria nem
por um milhão de anos, mas ela foi incrível nessa questão. Tudo bem que,
tivemos um esquilo morto, mas fora isso, ela acertou em cheio. Bem, também
acertou em cheio o esquilo, mas acho que dá pra entender o que quero dizer.
Tivemos uma tarde maravilhosa, mais até do que as anteriores, se é que isso é
possível. Por incrível que pareça, a loira escolheu biquinis que não eram "à sua moda" por assim dizer. Caitlin e eu ficamos
felizes com a escolha da loira; eu com meu biquini vermelho tomara que caia, e
Cait com o seu biquini verde limão em cima e rosa em baixo. Ashley estava
completamente de rosa, como era de se esperar. Os garotos, por sua vez, exibiam
seus corpos musculosos e vestiam bermudas simples. Tiramos algumas fotos e
brincamos de volei na água, com uma bola que Damon fez questão de trazer. Por
fim, exaustos de nos divertir, sentamos na areia e começamos a beber, comer e
conversar.
A tarde foi tão tranquila, que por
momentos, esqueci o luto que eu e meu irmão estávamos passando. Mike deu muitas
gargalhadas (as primeiras desde que mamãe faleceu) e brincou com todos. Claro
que o álcool tinha sua parcela de culpa, mas eu podia sentir sua felicidade
mesmo se estivesse a quilômetros de distância. E fiquei feliz por ele.
- Loirinha, nós adoramos a ideia, mas não
vamos dizer que você é incrível. - disse Justin, zombeteiro. Ela lhe mostrou a
língua, irritadinha.
- Invejoso. - disse ela, se encostando a
Damon. Ele a abraçou com carinho. Bebi mais um pouco da cerveja, e deixei a
garrafa vazia na areia.
- Como você está agora, querida? - Justin
perguntou no meu ouvido. Os outros quatro estavam distraídos demais em outra
conversa, e Justin aproveitou esse espaço.
- Esqueci que ela morreu por algum tempo.
- respondi sem rodeios. - Mas meu irmão está feliz, e isso me faz bem. -
continuei sentindo seu braços me apertarem um pouco mais, carinhoso. - Sabe,
acho que ele está apaixonado pela Cait.
- Ainda bem que não sou o único que acha
isso. - respondeu ele, para minha surpresa. - Percebi isso desde as primeiras
semanas que ela começou a andar com a gente. O que ele está esperando para
tentar conquistá-la? Ela é uma garota muito legal, eles ficariam bem
juntos.
- Ele parece estar muito inseguro em
relação a ela. E sabemos com Caitlin é com os garotos; muito difícil de se
apaixonar. Mas talvez ela fizesse Mike esquecer o que houve com mamãe. Ele
estava muito perturbado esses dias. - respondi baixo, observando o horizonte.
- Ele não era o único. - retrucou Justin,
doce.
- Esse é o meu jeito de encarar as coisas,
Justin.
- Entendo. - disse com calma. - Eu só
espero que se recupere, e passe a lembrar dos bons momentos que passaram. Você
a teve em sua vida, e isso por si só já é maravilhoso.
- Quem chegar por último é a mulher do
padre! - ouvimos Damon gritar em pura animação, e o quarteto saiu correndo em
disparada para casa, apostando uma corrida boba. Permaneci onde estava com
Justin. Estávamos finalmente sozinhos, desde que chegamos, e de certa forma,
aquilo foi muito reconfortante. Ele me passava uma tranquilidade que eu não
fazia ideia de onde vinha.
POV JUSTIN
Senti Anna relaxar em meus braços, assim
que todos estavam dentro da casa. Fiquei contente com a surpresa de Ashley,
fazer todos nós virmos para cá. Tirar Anna Mel do lugar onde perdeu a mãe foi a
melhor ideia que a loira já teve em toda vida. Ela parecia menos triste,
afinal. E comparando os últimos dias, Anna parecia muito mais tranquila aqui: para mim, por enquanto, bastava. Já era alguma coisa.
- Eu gosto muito daqui. - disse ela, como
se falasse sozinha. - É claro que não é mais bonito do que o Brasil, mas está
na lista. É claro que a bebida ajuda, mas ainda sim é bonito. - ri de seu
comentário.
- Não deveria ter bebido tanto.
- Digo o mesmo, Sr. Certinho. - se não
fosse pela situação, tenho certeza de que ela estaria rindo de seu próprio
comentário; e como ela não conseguia rir, fiz isso por ela. - Você bebeu quase
mais do que eu. Não está em posição de reclamar de nada.
- É claro que estou. - afirmei, sorrindo.
- Sou o mais responsável do grupo, por tanto, eu posso reclamar quando me der na telha. - entrei na brincadeira e ela me deu um tapinha no braço. Nos termos atuais de seu estado emocional, aquilo equivalia a um sorriso. Ou quase isso. Deu pra entender?!
- Você está tão bêbado quanto eu. - ela se virou para me olhar, com uma das sobrancelhas arqueadas.
- Não, eu não estou e não adianta tentar me convencer do contrário, apenas para que tenha razão. - ela balançou a cabeça, negativa, o que me fez rir mais uma vez. - Se voltar a insistir nesse assunto, não vou mais comprar aquele pacotão de Doritos que você tanto quer, quando voltarmos para casa. - ameacei sorrindo.
- Você não teria coragem. - duvidou, buscando em meu olhar algo que me denunciasse, que dissesse que eu estava mentindo. Para o seu desespero, percebi que ela pareceu não encontrar esses vestígios incriminadores em mim. - Mas que maldade! - exclamou, chocada. Ri. - Como você pode? Mas que horror! - continuou, os olhos verdes parecendo ainda mais vivos e brilhantes. Senti vontade de beijá-la, e assim o fiz.
- Tudo bem, então. Você quem manda. - voltou a se apoiar em mim, observando o horizonte, que nos proporcionava um maravilhoso por-do-sol. - Se eu disser que você é o mais responsável e normal do grupo, vai me dar minha comida? - propôs.
- Sua proposta me parece muito justa. - concordei.
- Um policial ligou para mim, ontem. - disse de repente, e como não esperava pela notícia, simplesmente fiquei preocupado e perguntei sem pensar:
- O que? Mas porque? Porque a polícia ligaria para você?
- É sobre a Angelina Torres. Queriam me interrogar. Para falar a verdade, não sei porque eles demoraram tanto para me fazer perguntas. - ela disse, com simplicidade.
- Como assim, queriam? Já falou com eles? - questionei confuso. Ela virou-se e se sentou de frente para mim. Como eu não soube disso?
- Já falei, sim. Na verdade, eles me pegaram de surpresa, enquanto trocávamos de sala, na faculdade. - respondeu calma, para que eu entendesse porque eu soube apenas agora. Me mantive calado para que ela continuasse a falar. - Eles me perguntaram se ela tinha inimigos, se era uma pessoa ruim, se fazia chantagem, usava drogas; disse 'sim' em resposta para todas as perguntas. Quando ele quis saber porque Emília tinha gritado comigo no dia que o corpo foi descoberto, disse que Angelina e eu nos odiávamos. Falei o quanto ela era perversa, disse o que ela fazia com a gente, assim como o restante dos universitários. Disse que ela comprava drogas com um traficante local, que tinha pavio curto e uma língua enorme. Disse que por isso, ela teria muitos inimigos, pessoas que a queriam morta. E vamos admitir que ela era insuportável. - concordei com a cabeça assim que ela parou de falar para respirar. - Em suma, disse a verdade sobre aquela cobra, e que não senti muito por saber que ela morreu. Mas, fiz questão de frizar pra ele, que, no entanto, eu não a tinha matado. Disse que sou inocente, caso eles tentassem encontrar provas contra mim, que não perderia minha liberdade por ela, apesar de não dar a mínima para ela. Não durou muito tempo, aquela conversinha. Falei o que precisava ser dito. - ela deu de ombros mais uma vez. - E se quer minha opinião, acho que fez algo tão ruim a alguém, que esse dito cujo a matou.
- Anna...
- E se quer saber, apertaria a mão do sujeito que a tirou de circulação. Me fez um grandessíssimo favor.
- Não fale assim, Anna.
- Mas porque, ora bolas? - perguntou sem entender. - Só estou sendo sincera.
- Está sendo cruel. - corrigi. - Entendo que ela nos fez muito mal, mas Angelina já pagou pelo que fez com sua morte. Você não deveria ficar contente com a morte de outra pessoa. Querendo ou não, ela era um ser humano e fantasiar, feliz da vida, se gabar, com o jeito como ela morreu, podem tornar você uma pessoa horrorosa; e você não é uma pessoa horrorosa. Então não repita isso em voz alta. Ela morreu, por tanto, já pagou pelo que fez.
- Não irei jamais perdoá-la, Justin.
- Entendo. Mas se continuar se vangloriando pelo que houve, você vai acabar se tornando igual a ela. E tenho certeza, querida, de que você não quer isso. - ela negou com a cabeça, sem tirar os olhos de mim. - Então não repita isso, nunca mais. Alguém pode achar que você fez algo, se continuar com esse comportamento.
- Sei que estou sendo terrível. - disse baixo. - Mas a odeio tanto.
- Querida...
- Eu tento, Justin. Tento esquecer o que ela nos fez, ou simplesmente não pensar nela e esquecer toda essa raiva que sinto só de ouvir o nome dela. Tento ser uma pessoa boa e perdoá-la, mas eu simplesmente não consigo.
- Você é um ser humano, é perfeitamente normal sentir todas essas coisas. É o que te faz ser única e insubstituível. Ficaria chocado se em um passe de mágica você perdoasse tudo que ela fez. Esse é um processo que leva tempo. Você não vai deixar de ser uma boa pessoa por sentir mágoa de alguém. Mas não vai ajudar em nada falar dela como se fosse um monstro; mesmo ela sendo um.
- Entendo, Justin. Mas é difícil, porque você sabe que ela era assim. Só contei a verdade sobre ela. - disse ela.
- Eu sei, querida. - sorri, acariciando seu rosto. - Ela também me fez muito mal. E assim como você, estou tentando seguir em frente sem sentir todo aquele rancor. Ela pagou o que fez com a morte que teve. Todo o mal que fez voltou para ela, e isso basta. - Anna chegou mais perto e me beijou. Esses instantes maravilhosos, para minha infelicidade, não duraram muito. Um gritinho vindo da casa nos obrigou a parar para dar atenção ao que ouviríamos a seguir.
- ANNA MEL O DAMON TÁ ROUBANDO SUA COMIDA! - ouvimos Ashley gritar da casa. Quase como um foguete, minha namorada me deixou um beijinho nos lábios e se levantou, pronta pra correr. Ri daquilo. Ela estava voltando aos poucos, mas estava voltando.
- Tudo bem, pode ir lá, salvar sua comida.
- Eu volto logo. - prometeu ela. - Tenho que chutar o traseiro de alguém. - ela me deixou um beijo na bochecha antes de sair correndo na direção da casa e da comida que precisava ser salva, do traseiro de Damon que seria chutado. Balancei a cabeça, rindo daquilo.
- É, eu estava errada. - levantei num salto, olhando para a pessoa do meu lado. Ah não, de novo não! - Você realmente conseguiu a garota. Meus parabéns. - sua voz soava irônica como sempre, e como sempre, eu a detestava. - Nunca pensei que ficaria com ela, e principalmente, que duraria tanto.
- Porque não me deixa em paz?
- Não vou embora, bebê. Nem tão cedo. - disse Kate, sorrindo. Eu odiava aquele sorriso. Pus as mãos nas têmporas, acariciando-as, afim de que aquela terrível aparição chegasse ao seu fim assim que abrisse os olhos. - Não adianta fazer isso, Justin, eu não sou um sonho.
- Eu estou muito bêbado, sim, estou muito bêbado. - falei para mim mesmo, tendo certeza de que estava alucinando. Assim como todas as outras vezes em que (infelizmente) a vi. - Estou alucinando, mas está tudo bem. Vai passar.
- Como você é ridículo. - debochou Kate, a aparição. - Não vai me dizer que está com medo de mim; se fosse você já teria me acostumado. Dadas as vezes em que nos vimos.
- Não é medo. - respondi firme, finalmente encarando-a. - Detesto ver você, ouvir sua voz ou seu nome. Você morreu e deveria permanecer assim.
- Como tem tanta certeza que eu morri?
- Não tinha como você escapar daquele lugar. Era impossível. Você morreu! - falei firme, tentando controlar a raiva. - Pare de me perseguir, me obrigar a suportar você.
- Era tão "impossível" que você salvou a Anna e a Ashley, não é mesmo? - sorriu maldosa. Eu odiava lembrar daquele maldito dia.
- Elas só estavam ali por sua causa. Não mereciam aquilo, e se pudesse, - cheguei o mais perto daquela aparição do que minha ousadia permitia. - faria tudo de novo. Você fez coisas muito ruins com todos que te rodeavam, mas principalmente contra Ashley e Anna Mel. Você manipulou, feriu e magoou muita gente. Que Deus me perdoe pelo que vou dizer, mas, você mereceu o que teve. Foi de grande alívio pra mim, saber que você nunca mais iria machucar, enganar e nem manipular a minha garota. - Kate riu.
- Ela não é nenhuma santa, você sabe o que ela fez. - deu de ombros, fria como sempre. Odiei aquilo.
- Anna não fez nada de errado! Ela não teve culpa, ao contrário de você e Britney. E você sabe. - tinha certeza que
- Ela não precisa de alguém para protegê-la, quando nós dois, sabemos perfeitamente que, ela não era tão diferente de mim. Você sabe o que ela fez, mesmo que tente fingir e esquecer. - ela sorriu novamente, dando um passo a frente. - Ela fez! Não importa o quanto diga que a culpa é minha, nada pode mudar os fatos. Acho melhor aceitar logo o que ela fez e pronto.
- Anna estava se defendendo, salvando a própria vida. Pare de tentar fazer com que ela pareça culpada...
- ELA É CULPADA! - gritou irritada. Depois, sua expressão se suavizou e o velho sorriso odioso, retornou ao seu rosto. - E nada pode mudar isso. - Kate deu um passo para trás, sem tirar os olhos de mim. - Acho melhor ir agora. Vou deixar você a sós com seus pensamentos e sua namorada culpada. - suspirei fundo, fechando os olhos e contando de um à três na esperança de que o espectro, fantasma, aparição, ou que porcaria que fosse Kate, sumisse assim que abrisse os olhos. Para minha completa alegria, ela realmente não estava mais lá, enquanto eu vasculhava a praia a sua procura.
Porém, as suas palavras insistiram em permanecer mais um pouco em minha mente, e eu não sabia que diabo poderia fazer para esquecê-las. Anna não tinha feito por mal. Não, ela não tinha feito por mal, com aquelas intenções. Eu sabia que não. Anna não era Kate, ou pensava como ela, ou sequer agia como ela. Eu não podia deixar Kate por dúvidas em minha cabeça com relação a minha garota.
- Pronto, voltei! - disse Anna Mel, com a respiração rápida, sentando ao meu lado na areia. - Damon tentou correr, mas consegui alcançá-lo...
- Mesmo com essas pernas curtinhas? - brinquei.
- Mesmo com essas pernas curtinhas. - concordou, balançando a cabeça de forma afirmativa. - Hey! Achei ofensivo! - falou de olhos arregalados ao perceber o que eu dissera. Aquilo me fez rir feito um idiota. Consegui esquecer com grande sucesso, as palavras do fantasma de Kate, graças á Anna Mel e sua comida, sua respiração rápida e o modo como ela explicava o chute que deu no traseiro de Damon.
NOTAS FINAIS
Oi oi, meu povo lindo! Como vocês vão? Desculpem mesmo eu ter demorado tanto pra postar. :( Mas aqui estou eu pra vocês, nesse domingo com um cap novinho em folha. E como hoje é meu niver, resolvi postar hoje pra dar um presentinho pra vocês rsrsrs Espero mesmo que tenham gostado do capítulo. Muitos beijinhos e até o próximo. ps: será que alguém ainda lê essa fic? O.o
- Você está tão bêbado quanto eu. - ela se virou para me olhar, com uma das sobrancelhas arqueadas.
- Não, eu não estou e não adianta tentar me convencer do contrário, apenas para que tenha razão. - ela balançou a cabeça, negativa, o que me fez rir mais uma vez. - Se voltar a insistir nesse assunto, não vou mais comprar aquele pacotão de Doritos que você tanto quer, quando voltarmos para casa. - ameacei sorrindo.
- Você não teria coragem. - duvidou, buscando em meu olhar algo que me denunciasse, que dissesse que eu estava mentindo. Para o seu desespero, percebi que ela pareceu não encontrar esses vestígios incriminadores em mim. - Mas que maldade! - exclamou, chocada. Ri. - Como você pode? Mas que horror! - continuou, os olhos verdes parecendo ainda mais vivos e brilhantes. Senti vontade de beijá-la, e assim o fiz.
- Tudo bem, então. Você quem manda. - voltou a se apoiar em mim, observando o horizonte, que nos proporcionava um maravilhoso por-do-sol. - Se eu disser que você é o mais responsável e normal do grupo, vai me dar minha comida? - propôs.
- Sua proposta me parece muito justa. - concordei.
- Um policial ligou para mim, ontem. - disse de repente, e como não esperava pela notícia, simplesmente fiquei preocupado e perguntei sem pensar:
- O que? Mas porque? Porque a polícia ligaria para você?
- É sobre a Angelina Torres. Queriam me interrogar. Para falar a verdade, não sei porque eles demoraram tanto para me fazer perguntas. - ela disse, com simplicidade.
- Como assim, queriam? Já falou com eles? - questionei confuso. Ela virou-se e se sentou de frente para mim. Como eu não soube disso?
- Já falei, sim. Na verdade, eles me pegaram de surpresa, enquanto trocávamos de sala, na faculdade. - respondeu calma, para que eu entendesse porque eu soube apenas agora. Me mantive calado para que ela continuasse a falar. - Eles me perguntaram se ela tinha inimigos, se era uma pessoa ruim, se fazia chantagem, usava drogas; disse 'sim' em resposta para todas as perguntas. Quando ele quis saber porque Emília tinha gritado comigo no dia que o corpo foi descoberto, disse que Angelina e eu nos odiávamos. Falei o quanto ela era perversa, disse o que ela fazia com a gente, assim como o restante dos universitários. Disse que ela comprava drogas com um traficante local, que tinha pavio curto e uma língua enorme. Disse que por isso, ela teria muitos inimigos, pessoas que a queriam morta. E vamos admitir que ela era insuportável. - concordei com a cabeça assim que ela parou de falar para respirar. - Em suma, disse a verdade sobre aquela cobra, e que não senti muito por saber que ela morreu. Mas, fiz questão de frizar pra ele, que, no entanto, eu não a tinha matado. Disse que sou inocente, caso eles tentassem encontrar provas contra mim, que não perderia minha liberdade por ela, apesar de não dar a mínima para ela. Não durou muito tempo, aquela conversinha. Falei o que precisava ser dito. - ela deu de ombros mais uma vez. - E se quer minha opinião, acho que fez algo tão ruim a alguém, que esse dito cujo a matou.
- Anna...
- E se quer saber, apertaria a mão do sujeito que a tirou de circulação. Me fez um grandessíssimo favor.
- Não fale assim, Anna.
- Mas porque, ora bolas? - perguntou sem entender. - Só estou sendo sincera.
- Está sendo cruel. - corrigi. - Entendo que ela nos fez muito mal, mas Angelina já pagou pelo que fez com sua morte. Você não deveria ficar contente com a morte de outra pessoa. Querendo ou não, ela era um ser humano e fantasiar, feliz da vida, se gabar, com o jeito como ela morreu, podem tornar você uma pessoa horrorosa; e você não é uma pessoa horrorosa. Então não repita isso em voz alta. Ela morreu, por tanto, já pagou pelo que fez.
- Não irei jamais perdoá-la, Justin.
- Entendo. Mas se continuar se vangloriando pelo que houve, você vai acabar se tornando igual a ela. E tenho certeza, querida, de que você não quer isso. - ela negou com a cabeça, sem tirar os olhos de mim. - Então não repita isso, nunca mais. Alguém pode achar que você fez algo, se continuar com esse comportamento.
- Sei que estou sendo terrível. - disse baixo. - Mas a odeio tanto.
- Querida...
- Eu tento, Justin. Tento esquecer o que ela nos fez, ou simplesmente não pensar nela e esquecer toda essa raiva que sinto só de ouvir o nome dela. Tento ser uma pessoa boa e perdoá-la, mas eu simplesmente não consigo.
- Você é um ser humano, é perfeitamente normal sentir todas essas coisas. É o que te faz ser única e insubstituível. Ficaria chocado se em um passe de mágica você perdoasse tudo que ela fez. Esse é um processo que leva tempo. Você não vai deixar de ser uma boa pessoa por sentir mágoa de alguém. Mas não vai ajudar em nada falar dela como se fosse um monstro; mesmo ela sendo um.
- Entendo, Justin. Mas é difícil, porque você sabe que ela era assim. Só contei a verdade sobre ela. - disse ela.
- Eu sei, querida. - sorri, acariciando seu rosto. - Ela também me fez muito mal. E assim como você, estou tentando seguir em frente sem sentir todo aquele rancor. Ela pagou o que fez com a morte que teve. Todo o mal que fez voltou para ela, e isso basta. - Anna chegou mais perto e me beijou. Esses instantes maravilhosos, para minha infelicidade, não duraram muito. Um gritinho vindo da casa nos obrigou a parar para dar atenção ao que ouviríamos a seguir.
- ANNA MEL O DAMON TÁ ROUBANDO SUA COMIDA! - ouvimos Ashley gritar da casa. Quase como um foguete, minha namorada me deixou um beijinho nos lábios e se levantou, pronta pra correr. Ri daquilo. Ela estava voltando aos poucos, mas estava voltando.
- Tudo bem, pode ir lá, salvar sua comida.
- Eu volto logo. - prometeu ela. - Tenho que chutar o traseiro de alguém. - ela me deixou um beijo na bochecha antes de sair correndo na direção da casa e da comida que precisava ser salva, do traseiro de Damon que seria chutado. Balancei a cabeça, rindo daquilo.
- É, eu estava errada. - levantei num salto, olhando para a pessoa do meu lado. Ah não, de novo não! - Você realmente conseguiu a garota. Meus parabéns. - sua voz soava irônica como sempre, e como sempre, eu a detestava. - Nunca pensei que ficaria com ela, e principalmente, que duraria tanto.
- Porque não me deixa em paz?
- Não vou embora, bebê. Nem tão cedo. - disse Kate, sorrindo. Eu odiava aquele sorriso. Pus as mãos nas têmporas, acariciando-as, afim de que aquela terrível aparição chegasse ao seu fim assim que abrisse os olhos. - Não adianta fazer isso, Justin, eu não sou um sonho.
- Eu estou muito bêbado, sim, estou muito bêbado. - falei para mim mesmo, tendo certeza de que estava alucinando. Assim como todas as outras vezes em que (infelizmente) a vi. - Estou alucinando, mas está tudo bem. Vai passar.
- Como você é ridículo. - debochou Kate, a aparição. - Não vai me dizer que está com medo de mim; se fosse você já teria me acostumado. Dadas as vezes em que nos vimos.
- Não é medo. - respondi firme, finalmente encarando-a. - Detesto ver você, ouvir sua voz ou seu nome. Você morreu e deveria permanecer assim.
- Como tem tanta certeza que eu morri?
- Não tinha como você escapar daquele lugar. Era impossível. Você morreu! - falei firme, tentando controlar a raiva. - Pare de me perseguir, me obrigar a suportar você.
- Era tão "impossível" que você salvou a Anna e a Ashley, não é mesmo? - sorriu maldosa. Eu odiava lembrar daquele maldito dia.
- Elas só estavam ali por sua causa. Não mereciam aquilo, e se pudesse, - cheguei o mais perto daquela aparição do que minha ousadia permitia. - faria tudo de novo. Você fez coisas muito ruins com todos que te rodeavam, mas principalmente contra Ashley e Anna Mel. Você manipulou, feriu e magoou muita gente. Que Deus me perdoe pelo que vou dizer, mas, você mereceu o que teve. Foi de grande alívio pra mim, saber que você nunca mais iria machucar, enganar e nem manipular a minha garota. - Kate riu.
- Ela não é nenhuma santa, você sabe o que ela fez. - deu de ombros, fria como sempre. Odiei aquilo.
- Anna não fez nada de errado! Ela não teve culpa, ao contrário de você e Britney. E você sabe. - tinha certeza que
- Ela não precisa de alguém para protegê-la, quando nós dois, sabemos perfeitamente que, ela não era tão diferente de mim. Você sabe o que ela fez, mesmo que tente fingir e esquecer. - ela sorriu novamente, dando um passo a frente. - Ela fez! Não importa o quanto diga que a culpa é minha, nada pode mudar os fatos. Acho melhor aceitar logo o que ela fez e pronto.
- Anna estava se defendendo, salvando a própria vida. Pare de tentar fazer com que ela pareça culpada...
- ELA É CULPADA! - gritou irritada. Depois, sua expressão se suavizou e o velho sorriso odioso, retornou ao seu rosto. - E nada pode mudar isso. - Kate deu um passo para trás, sem tirar os olhos de mim. - Acho melhor ir agora. Vou deixar você a sós com seus pensamentos e sua namorada culpada. - suspirei fundo, fechando os olhos e contando de um à três na esperança de que o espectro, fantasma, aparição, ou que porcaria que fosse Kate, sumisse assim que abrisse os olhos. Para minha completa alegria, ela realmente não estava mais lá, enquanto eu vasculhava a praia a sua procura.
Porém, as suas palavras insistiram em permanecer mais um pouco em minha mente, e eu não sabia que diabo poderia fazer para esquecê-las. Anna não tinha feito por mal. Não, ela não tinha feito por mal, com aquelas intenções. Eu sabia que não. Anna não era Kate, ou pensava como ela, ou sequer agia como ela. Eu não podia deixar Kate por dúvidas em minha cabeça com relação a minha garota.
- Pronto, voltei! - disse Anna Mel, com a respiração rápida, sentando ao meu lado na areia. - Damon tentou correr, mas consegui alcançá-lo...
- Mesmo com essas pernas curtinhas? - brinquei.
- Mesmo com essas pernas curtinhas. - concordou, balançando a cabeça de forma afirmativa. - Hey! Achei ofensivo! - falou de olhos arregalados ao perceber o que eu dissera. Aquilo me fez rir feito um idiota. Consegui esquecer com grande sucesso, as palavras do fantasma de Kate, graças á Anna Mel e sua comida, sua respiração rápida e o modo como ela explicava o chute que deu no traseiro de Damon.
NOTAS FINAIS
Oi oi, meu povo lindo! Como vocês vão? Desculpem mesmo eu ter demorado tanto pra postar. :( Mas aqui estou eu pra vocês, nesse domingo com um cap novinho em folha. E como hoje é meu niver, resolvi postar hoje pra dar um presentinho pra vocês rsrsrs Espero mesmo que tenham gostado do capítulo. Muitos beijinhos e até o próximo. ps: será que alguém ainda lê essa fic? O.o
Biquini da
Anna: http://data3.whicdn.com/images/78500543/large.jpg
Biquini da
Ash: http://data1.whicdn.com/images/83058857/large.jpg
Biquini da
Cait: http://data2.whicdn.com/images/82533204/large.jpg